Tenho a esperança de encontrar quem tenha também vivido o secreto prazer de descobrir nas palavras de um poema a tela que o inspirou. Secreto porque mal parece gabarmo-nos de algo que só diz muito a nós próprios, prazer porque essa descoberta nos aparenta uma intimidade "especial" com a autora.
Estou farto de explicações. Quem quiser...
Confundindo os seus cabelos com os cabelos
do vento, têm o corpo feliz de ser tão seu e
tão denso em plena liberdade.
Lançam os braços pela praia fora e a brancura
dos seus pulsos penetra nas espumas.
Passam aves de asas agudas e a curva dos seus
olhos prologa o interminável rastro no céu
branco.
Com a boca colada ao horizonte aspiram longa-
mente a virgindade de um mundo que nasceu.
O extremo dos seus dedos toca o cimo de
delícia e vertigem onde o ar acaba e começa.
E aos seus ombros cola-se uma alga, feliz de
ser tão verde.
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