outubro 02, 2003

SOPHIA

Tenho a esperança de encontrar quem tenha também vivido o secreto prazer de descobrir nas palavras de um poema a tela que o inspirou. Secreto porque mal parece gabarmo-nos de algo que só diz muito a nós próprios, prazer porque essa descoberta nos aparenta uma intimidade "especial" com a autora.

Estou farto de explicações. Quem quiser...

Confundindo os seus cabelos com os cabelos
do vento, têm o corpo feliz de ser tão seu e
tão denso em plena liberdade.

Lançam os braços pela praia fora e a brancura
dos seus pulsos penetra nas espumas.

Passam aves de asas agudas e a curva dos seus
olhos prologa o interminável rastro no céu
branco.

Com a boca colada ao horizonte aspiram longa-
mente a virgindade de um mundo que nasceu.

O extremo dos seus dedos toca o cimo de
delícia e vertigem onde o ar acaba e começa.

E aos seus ombros cola-se uma alga, feliz de
ser tão verde.

Sem comentários: