Olha, fiquei tão em estado de choque que me foge o pé para a chinela. Não tenho forças para teorizar, para discutir em termos racionais. O que é que deu a gente que deve estar habituada a ver e a usar arquitectura decente, que deveria saber que, neste caso (por razões de imagem, de auto-estima de associados e simpatizantes e, last not least porque precisam de atrair clientes) era importante apresentar um espaço marcante, simpático, envolvente, o que é que deu a esta gente, insisto, para ir na conversa do autor do projecto e aceitar UMA MERDA DAQUELAS?
Falo, claro está, do centro comercial que o Sporting espera vir a ser uma das pedras de sustentação económica e que está adjacente ao novo campo de futebol. Sinteticamente:
- Uma diferença de cotas entre a plataforma dos transportes públicos e a de acesso ao centro, para além de muito grande (talvez a ser pensada com recurso a uma solução de socalcos?), mal resolvida com uma escadaria muito íngreme, difícil de transpor. Ao cortar a vista do edifício, cria uma expectativa de grandiosidade que é completamente derrotada com a banalidade do pátio superior;
- Casinhotos a fazer de bilheteiras que disfarçam a banalidade do traço com a suposta inventiva dos azulejos - nem a provocação resulta (por mais feéricos que sejam, ficarão sempre associados a revestimento de casa-de-banho, de cozinhas) nem esconde o facto de tudo parecer forçado, feito em cima do joelho, por aprendizes de desenhador. Caso óbvio de função sem um pingo de forma;
- Soluções de acabamentos interiores incoerentes entre si e completamente descabidos - porquê riscas laranja no pavimento, porquê vãos forrados a pseudo-cabedal azul, porquê (e é a pirosice-mor!) pseudo-relva pendurada de vigas?
- Pobreza geral de acabamentos- tudo muito longe da (pseudo)ousadia das Amoreiras e muito pouco convicente para o público-alvo que se pretende "roubar" a Colombos, Vascos da Gama, Cortes Inglês, etc. Até os novos centros comerciais de subúrbio se portam melhor!
- Pouca uva para tanta parra anunciada: espaços pequenos, pouco estimulantes. A janela que espreita para o interior do estádio parece pouca oferta para os visitantes, com a agravante de dar uma imagem de um espaço muito menor do que aparece na televisão.
Uma saloice pegada. Esperemos que não seja este igualmente o destino do Parque Mayer, já que os começos parecem iguais: arquitecto "de prestígio", grandes intenções, controlo orçamental apertado para as necessidades do projectista, projectos de execução feitos por outrém que não o autor do projecto geral e estudo prévio...
Ai, ai....
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