Talvez por pudicícia, talvez por achar que seria mais um passo em direcção a uma comunicação em circuito fechado, nunca fiz o que vou fazer hoje. Uma declaração de empatia quase total com um blog.
Hoje, quero que tu vás directa daqui para a Janela Indiscreta. E saboreies, como eu, o prazer de descobrir e redescobrir coisas muito bonitas escritas por outros poetas, de poderes partilhares percursos, olhares, emoções com as suas (e os seus) autores. Tenho uma particular afeição pelas fotografias apresentadas. E desafiado, roubo uma e falo dela aqui um bocadinho:
© Raymond Depardon
A solidão americana evoca-me sempre uma pintura de Hopper, espaços da noite habitados por espectros, rodeados por um silêncio insuportável. Espaços aquário, um mundo outro que não o nosso, porque aceitá-lo como nosso seria aceitar a nossa solidão.
Depardon retrata essa solidão de um modo diverso. Tudo é feérico em Times Square, há um movimento de vida em todas as coisas (um outro link para os quadros americanos de Mondrian): as luzes, os carros, as pessoas desfocadas da velocidade com que passam. Estático, um homem de sobretudo nega essa vida, essa vivência, coloca-se exterior à acção (repara no pormenor dos sinais: todos apontam em direcções opostas). Um homem solitário mas que parece ser voluntariamente solitário - não é o mundo que o fecha, mas ele que se fecha ao mundo.
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