outubro 25, 2003

RELIGIÕES

O Terras do Nunca começou a reflexão a propósito do encontro interreligioso promovido pela Fundação Eugénio de Almeida, que o Aviz comentou ontem - vai lê-los (se o não fizeste já...)

Sendo crentes, sendo praticantes da religião que professamos, não nos sobra espaço para aceitarmos os dogmas ou as premissas da religião diferente do outro porque isso seria aceitar a falibilidade dos nossos dogmas.
Podemos permitirmo-nos a condescendência de aceitar a sua posição religiosa - é uma questão de bondade. Como tal, assumiremos sempre uma posição de superioridade em relação ao outro. E o diálogo estará então, condenado sempre à nossa disponibilidade, passando a ser uma questão de disposição e não de princípio, uma audição sem recepção. Uma conversa de surdos.

E sendo os lapsos linguais a mais fascinante janela sobre os rios profundos que em nós correm, uso como exemplo as expressões que toda a imprensa desportiva vem citando ou inventando em relação ao novo campo de futebol do benfica: catedral e inferno da luz. Fernando Seara tem a bondade de me ajudar, confessando-se católico praticante, falando da sensação de catedral que o estádio lhe dá e do inferno que irá ser para os adversários. Que melhor imagem? A nossa religião é o inferno dos outros.

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