janeiro 05, 2004

A REABILITAÇÃO URBANA E LISBOA (I)

O PCP encarava a Reabilitação Urbana dos Bairros Históricos do estrito ponto de vista das populações residentes. Foi esta obsessão programática que deitou tudo a perder. Ao não perceber que recuperação implicava evolução, que a melhoria das condições de habitabilidade implicava necessariamente a introdução de condições e agentes de mercado com a inevitabilidade de alguma intrusão de habitantes exteriores, que, no fundo, não era possível mudar algo (a degradação) sem mudar mais nada (as fracas condições estruturais e arquitectónicas, as rendas irrisórias, a população envelhecida e empobrecida, entre outras), o PCP e os seus actores (juntamente com uma grande dose de imobilismo burocrático, falta de solidariedade do presidente e o próprio desencanto dos vereadores responsáveis) condenaram esta acção ao quase fracasso.

Já o PSD versão Santanista, encara a Reabilitação Urbana sob o prisma da imagem. Politicamente, os bairros históricos são irrelevantes: ganha Lisboa quem ganhar Benfica e Lumiar, o resto são... restos. Os bairros históricos só interessam se se puderem compor para a fotografia a apresentar na próxima campanha publicitária - e para esta composição basta cara pintada e ruas lavadas. É por isso que não existiu um único contributo teórico ou programático oriundo das suas hostes que definisse os rumos da RU na nova vereação. É por isso que se optou por substituir uma directora municipal com uma experiência longa na área por uma licenciada em história da arte com carreira feita noutras áreas. É por isso que, ao invés de mudar a política e manter os técnicos, se optou pela abstrusa acção de manter a política e mudar os técnicos.

Política que não irá a lado nenhum - quando os Projectos Integrados se concluírem, tudo parará pois, entre ausência de definições e centralização dos serviços, não haverá mais nada para fazer.

O que não interessa nada. Nessa altura já PSL estará longe - em campanha presidencial ou noutra cabotinice qualquer. Quem vier que trate de apanhar as canas e refazer o adro.

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