Acerca da aproximação que JPP tem vindo a tentar entre blogs e diários de escritores editados em livro, escrevia-me uma amiga manifestando-se radicalmente contra. Se a síntese me saiu bem, defendia ela que enquanto os diários são um trabalho em solidão, de solidão, revelados ao público a posteriori, os blogs alimentam-se das reacções dos seus leitores em paralelo à sua execução. Num é um processo sem rede, sem escutas, sem incentivos; no outro, um processo pragmático. Num, uma solidão às claras; no outro uma solidão disfarçada pela comunidade próxima. Logo, experiências (e resultados) não comparáveis.
Tenho pena que não exponha estas posições com mais visibilidade. Seria interessante uma oposição com as mesmas armas (audiência, cultura, peso) ao pouco contestado "papa". Assim, fica reduzida a este coxo canibalismo que poucos lerão.
Para mim, tempos e modos à parte, um diário é sempre um diário, um prémio de consolação autorizado aos "Peeping Tom" que todos portamos dentro de nós (portamos - existe mesmo ou é um devaneio das minhas little grey cells envelhecidas?), uma possibilidade de entrarmos na área privada, mesmo que condicionada, mesmo que inverdadeira. E essa inverdade de sentimentos, de pontos de vista, esse calculismo de projecção pública do eu, tanto aparece num lado como no outro.
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