janeiro 23, 2004

O BARRA 73

Nesta polémica em tom baixinho acerca daquela coisa feita em 1973 que abriga no chapéu da autoria dos projectos de arquitectura tanto os "legítimos" como os "filhos d'outrém" - engenheiros, construtores civis - há várias coisas que seriam perfeitamente dispensáveis e que, se calhar, são evidências do porquê da manutenção deste estado de promiscuidade.

Em primeiro lugar, a falta de uma posição dura por parte da classe (eu disse dura e não audível). Porque será que não se ouve nada do lado dos consagrados? Será porque trabalho não lhes falta?

Em segundo lugar, a transferência do rancor para os engenheiros em geral (querem lá eles saber dos projectos de arquitectura) em detrimento do Estado, esse sim o grande responsável pela situação.

Finalmente, a persistência em citar números que não têm nada a ver com a realidade. Não é verdade que só 10% da arquitectura feita em Portugal seja assinada por arquitectos (nem contabilizando por projecto e não por área projectada) - não é essa a minha experiência e não será a da maioria dos intervenientes. O que é verdade - e o que a classe não quer discutir - é que muita da arquitectura "civil" feita em Portugal é projectada por desenhadores e assinada por arquitectos. (Quem se queira dar ao trabalho de pesquisar nos arquivos do Alto da Eira (quando forem reabertos a consulta pública) verificará quantos arquitectos assinaram quantos projectos em Lisboa nos últimos 10 anos e verá a sobre-humana capacidade de trabalho de meia-dúzia deles). Por onde andou a mãozinha do engenheiro nestes casos?

É fácil olhar para um mamarracho e concluir que é por causa da lei vigente que ele existe. É falacioso. Mas é confortável.

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