janeiro 19, 2004

ALARVIDADES

Mesmo jurando por todos os santinhos de todos os Olimpos não mais me deixar surpreender pelas boutades, asneiras, desbocamentos, infantilidades, irresponsabilidades, boçalidades, imbecilidades, inconsciências, incongruências, ignorâncias, injustiças, cabotinices, canalhices, compadrios, vilanagens e tudo o mais que por palavras, actos e omissões, o meu país, os seus servidores e representantes têm por hábito dizer, fazer ou ignorar, é mais forte do que eu- continuo a abrir a boca de espanto.

Depois de ouvir o ministro das Obras Públicas - engenheiro civil de formação - dizer que é habitual "os concursos serem lançados com ante-projectos sendo os projectos de execução feitos a posteriori, muitas vezes durante a obra" (eu ouvi, não li uma transcrição de um jornalista ignorante na matéria) não sei se me devo espantar com uma das seguintes hipóteses alternativas: a irresponsabilidade de quem lança a concurso uma obra orçamentada com base num documento tão vago ou a desfaçatez de um ministro que mente com todos os dentes que tem na boca. Depois não se façam admirados com casos como o da ponte de Coimbra.

É que é tão impossível de aceitar esta situação por quem perceba o mínimo do que é um projecto de arquitectura ou engenharia, por quem saiba um pouco das condições de um concurso público que... se fica sem palavras para adjectivar os comentários do ministro. (A esquerda que não comece já a atirar pedras: foi o anterior Presidente da Câmara João Soares que disse que o que era importante era licenciar o projecto de arquitectura - as especialidades eram só pormenores (adivinhe-se: para justificar a "clandestinidade" das obras do Colégio Moderno)).

Sem comentários: