Comecei a escrever um longo texto com a análise à entrevista de Ferro Rodrigues. Apaguei tudo. Para quê o trabalho?
Opto por sintetizar: FR jogou à defesa, mostrou-se um aluno aplicado dos conselhos dos seus acessores mas com pouco vôo de asa para os aplicar, muito preso às palavras-chave e, sobretudo, revelou à saciedade a imagem que lhe colaram os comentadores nos últimos meses: pouca visão política, ingenuidade quanto basta e um espantoso desconhecimento dos efeitos das suas palavras e actos. Judite de Sousa foi a mosca perfeita (e passe o desagradável da comparação): chateou quanto pode mas não soube (ou não quis) dar a ferroada fatal.
Apenas algumas frases:
- "Há coisas que digo em privado e não digo em público". Isso é óbvio. Já eu o tinha escrito por aqui. O espantoso é JS não ter insistido "mas pensa-as, sente-as" e nenhum se ter apercebido da gravidade da afirmação. O político vale pelo que diz ou pelo que é?
"Pessoas bem-intencionadas podem ser enganadas". Faltou a pergunta, "acha então que a Justiça pode ser enganada e emitir um veredito errado?"
"Se eu soubesse que iríamos dar aquela imagem errada, eu não teria dito ao Paulo Pedroso para ir ao Parlamento (aquando da sua libertação) !!!!!!!!
- A teoria da cabala - eu digo que ela existe mas não quero falar sobre isso (parece um dirigente do Sporting...)
"As vozes que me querem empurrar para fora são de direita e de extrema-direita". João Soares, Manuel Maria Carrilho?
Ou, finalmente, é esta a origem da cabala? E quem é esta direita - Durão, Portas, Monteiro? Mais à direita? Menos à direita?
- Finalmente, o branqueamento total: o problema é a revelação das escutas, o facto de eu ter dito isso não tem importância nenhuma.
E para não comentar só "a cabala": "o anúncio do TGV demonstra a intenção das críticas que nos fizeram quando fomos nós a anunciá-lo". E então? O TGV é bom ou é mau?
Convidado a enunciar as grandes obras de que fala, prefere citar os problemas da rede do pré-escolar.
Desisti, por mais alguns meses, de assistir a entrevistas políticas.
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