O artigo de hoje do Público confirma-me muito do que já pensava:
- O estádio é, dos dez, o único que se baseia num projecto que ousou utrapassar o esperado, no sentido em que a sua observação provoca uma reacção (explicar-me-ei bem? só reagimos quando provocados, só somos provocados quando postos perante o inesperado). Nessa linha, é o único que se poderia confrontar no mesmo plano de "contemporaneidade" com as propostas apresentadas ao concurso do estádio nacional de Pequim (a que O Projecto faz referência).
- Souto de Moura, com as suas obras, está a contribuir para que a paisagem portuguesa ainda tenha alguns espaços arquitectónicos estimulantes/provocadores capazes que promover novos caminhos tanto para os seus usufruidores como para os demais interventores.
- Finalmente, não resisto a provocar o Pedro Epiderme: "Digo que é um laboratório, porque foi um espaço em que desenhámos - como aqueles concertos de piano a quatro mãos - peça a peça, engenharia e arquitectura, intensamente e em tempos curtos. De manhã desenhavam os engenheiros; à tarde desenhava eu a arquitectura;" (entrevista ao Público) Quando digo (provavelmente de um a maneira pouco articulada) que a arquitectura só ganha se o arquitecto sentir as estruturas, não estou a exigir dos arquitectos que saibam pormenorizar uma peça de betão armado ou um apoio de um montante metálico - refiro-me à percepção dos funcionamentos que permitam perceber que uma pala como a deste estádio (ou da do pavilhão de Portugal) é possível e provável. (É claro que, para um edifício vulgar porticado qualquer aluno de arquitectura sabe indicar os locais de implantação de pilares e vigas - isso é corriqueiro e habitual. Só que eu, apesar do "corriqueiro e habitual" garantir a maior parte do sustento na maior parte do tempo a quase todos os profissionais do sector, pensava no outro lado da lua). Porque é que um arquitecto não há-de projectar uma ponte?
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