Se, durante muito tempo, foi a arte contemporânea que causou perplexidades e sentimentos automáticos de recusa - o que ainda hoje se verifica em muito boa gente ("mas o que é que aquilo quer dizer? o que representa? onde é que está a arte em meia-dúzia de gatafunhos?") -, a prática corrente, neste mundo pejado de estímulos visuais contemporâneos, é a inverter a rejeição para a arte do passado. "Ora, retratos de santinhos que não me dizem nada.", ou "são todos iguais, virgens atrás de cristos, atrás de santos, tudo muito piedoso, tudo muito chato, tudo muito morto".
Enganos fatais. Gostaria de citar alguém que diz mais ou menos isto (quando encontrar o livro, recito correctamente) "não se esqueçam que, antes de ser um cavalo, um livro, uma bola, uma pintura é um conjunto de traços dispostos de uma maneira intencional pelo autor" - alguma coisa como isso.
Por isso, em verdade te digo, antes de te chateares com o santinho ou de te exasperares por não perceber o que te é proposto, segue o conselho do Ricardo Reis - relaxa, ama, bebe e sente. Vais ver que é tudo.
Sem comentários:
Enviar um comentário