fevereiro 29, 2004
DESÍGNIO NACIONAL
Desígnio nacional? Referendado quando?
fevereiro 28, 2004
NOTÍCIAS
A todos os que manifestaram apreensão pelo excessiva quantidade de calorias que ingeri ao ter acesso às ditas cujas cuja memória por aqui deixei registada,
A todos os que manifestaram desgosto pelo facto das ainda mesmas não terem passado de fugazes tentações em forma de fotografia ao invés de realidades concretizadas através de um formal convite feito pelo autor destes escritos para a sua degustação,
Eu venho dizer que a dieta está bem, obrigado.
fevereiro 27, 2004
JÁ QUE NÃO OS POSSO COMER
Ferrar-lhes o dente guloso, deixando o doce entranhar-se lentamente nas papilas (é fundamental um aroma no ar a café forte, uma atmosfera quente e pesada de pastelaria fechada aos frios do Inverno e uma solidão que impeça que conversas anémicas se imiscuam neste prazer solitário).
fevereiro 25, 2004
SINAIS EXTERIORES DE RIQUEZA
QUE MÚSICA É ESTA?
Mas não seria mais fácil mudar de estação? Seria e é. Mas os poucos minutos que medeiam entre o crescente de irritação e o levantar-me para mudar de posto, são suficentes. Tão suficientes que tinha de desabafar. Sofram, vá, sofram! Sintonizem o 94.4 às 17 horas se têm coragem e depois contem.
Irra!
[Exemplo: "do grego calimera... ", "o calimero faz-me lembrar o amigo da abelha maia..."]
ESTES DIFÍCEIS AMORES
Meninas e menino: imponham-se! Falem em horário nobre em sinal aberto!
E vós que não precisam de fazer serões: dêem uso ao vídeo!
["Estes Difíceis Amores" Gabriela Moita, Júlio Machado Vaz, moderação de Leonor Ferreira, NTV 21:10, RTP 3:00]
fevereiro 24, 2004
3ª PESSOA DO VERBO BLOGAR
1ª PESSOA DO VERBO BLOGAR
fevereiro 23, 2004
EXPÔR
 
 
 Pelo modo como conjugou modelos e fotografias, notas do autor e esquissos, pormenores de trabalho e rabiscos, o importante e o aparentemente acessório, o marcante e o oculto, esta foi a exposição de arquitectura que mais me marcou. Fanático que sou dos cadernos de viagem, dos apontamentos tomados em cima do joelhoa, lado a lado, com esboços incompletos, recortes de jornal, bilhetes e contas, memórias, memórias, memórias, vi-me confrontado com em mesmo caderno de viagens, noutra escala, noutros modos, mas igualmente subjectivo e poderoso, marca de um percurso interior feito até à obra construída.
 
 
 
 
 
 
 
POLITICAS MUNICIPAIS
Li há alguns dias que o nosso prefeito lisboeta tinha visto em Paris os corredores "bus" protegidos de invasões de trânsito privado por lancis e que tinha decidido implementar a mesma solução por aqui. A este ovo de colombo anunciado, acrescentava-se a informação de que o departamento de trânsito desconhecia a iniciativa por completo e a declaração de que "o assunto estava a ser estudado e de que, quando fosse a altura certa, o departamento seria informado".
Registo a ideia peregrina de se estudar um assunto sem consultar os técnicos da autarquia (que são supostamente pagos para estudar assuntos como este) a que se soma a noção da minha distracção: já estive várias vezes em Paris e nunca vi, nas avenidas principais (se calhar deveria ter olhado para as ruas secundárias), lancis a proteger corredores "bus".
Considerando que os assuntos de alta política em que o presidente da CML se envolve não permitem o tempo necessário para que o mesmo estude este assunto sózinho espero que os acessores que o acompanham neste caso lhe expliquem que "lancis" são aquelas coisas altas que delimitam os passeios e que, postos no meio de uma via causarão mais perturbações no tráfego dos transportes públicos que a situação actual. E já agora, que um carro parado junto a uma via "bus" com uma roda furada (ou um eixo partido) pelo embate com um destes "dissuasores", conseguirá mais do que muitos condutores prevaricadores juntos.
fevereiro 22, 2004
TRAINSPOTTING (III)
Imagino uma viagem pelo Tua, na boleia deste "side-car", velocidade mínima de cruzeiro, o rio, o céu azul, trabalhar assim nem era trabalho, antes descanso.
REBOQUE TURNS GOURMET (V)
Depois, e só depois de anotar na memória ínesquecível disposta a ser consultada todos os restantes dias da existência, todos os detalhes, todas as cores, todos os perfumes que, passada a porta, assaltam o visitante, todas as respostas as todas as inúmeras e inquietadas perguntas feitas ao solícito atendente, todos os sabores adquiridos em tudo o passível de ser degustado, será tempo de rumar ao Louvre e por lá passar os restantes dias a completar a formação.
fevereiro 21, 2004
TRAINSPOTTING (II)
eu ainda sou do tempo em que se comiam migas nos comboios a vapor que lavravam o alentejo...belos tempos, isso é que era. Mulheres de um lado a comer migas, homens de outro a comer talhadas de pão com o conduto (sabes o que é o conduto?) [sampled from Marta's comment]
fevereiro 20, 2004
MISTÉRIOS
TRAIN SPOTTING (I)
Ora muito bem. Devo dizer que não acredito na exequibilidade dos prazos anunciados mas os atrasos que surgirão não me preocupam por aí além. Desde que tenhamos alta velocidade, o resto é questão de pormenor (caro, mas pormenor a longo prazo). A alta velocidade permitirá uma concorrência interesante com o avião, permitirá oferecer um serviço semelhante menos poluente, permitirá viagens mais confortáveis (há mais espaço para as pernas, há mais sítio para passear durante a viagem, há mais paisagem para ver, há menos dores de ouvidos, há menos stress, há menos barulho).
Mas o que acabo de escrever é irrelevante para o propósito desta série de posts. Estou mais interessado em escrever sobre o passado. Os museus da CP abandonados pelo país (e é uma dôr visitá-los, ver um material tão fascinante, tão cenograficamente deslumbrante, tão evocador de outros tempos, assim tão maltratado), as poucas viagens possíveis hoje em dia em locomotivas a vapor. As linhas que foram fechando. As estações, os seus azulejos, os mimosos jardins cuidadosamente mantidos pelos chefes da estação. E também as grandes máquinas, as grandes viagens, os grandes horizontes.
fevereiro 19, 2004
EU INVEJOSO ME CONFESSO
SÍPIA AMB MANDONGUILLES (REBOQUE TURNS GOURMET (V))
Pepe Carvalho teve a arte de me encantar com este mercado de S. Josep. As Ramblas são o coração de Barcelona por causa dele, no seu interior, esperam disponíveis os ingredientes necessários para manjares desejados, imaginários, amantes, ardorosos, repletos, ansiosos, descansados, quotidianos, únicos, criativos, clássicos.
Entrei pela primeira vez em S.Josep numa manhã nevoenta, depois de ter visitado os Gaudi e achei que a sinfonia de formas dos edifícios tinham a sua inspiração nas formas, nas cores, nas sensações que o arquitecto terá vindo aqui beber.
Ainda que a portuguesa "carne de porco alentejana" (o "à" é um deslize linguístico dos tempos) o aplique com sucesso, a junção de carne e marisco num mesmo prato continua a parecer estranha para muitos, pelo menos num primeiro momento.
Não há como ousar:
Misturar 300 gr de carne de vaca picada e 100 gr de carne de porco igualmente picada; juntar 1 dente de alho e um punhado de salsa, uma fatia de pão demolhada em leite, e um ovo, ligeiramente batido. Misturar bem até que a mistura fique homogénea, temperar de sal e pimenta e acrescentar uma colher de café de canela em pó.
Com a massa obtida, formar bolinhas, passá-las por farinha e fritá-las em azeite abundante. Reservar.
Limpar 600gr de lulinhas, cortar em pedaços e cozê-las num tacho tapado em 2,5 dl de vinho tinto, durante uns 15 minutos.
No mesmo azeite onde se fritaram as almôndegas, refogar 1 cela cortada em fatias. Acrescentar o vinho que sobrou da cozedura das lulas, uma colher de farinha, deixar dourar e juntar 200 gr de tomate cortados em pedaços sem pelar, um bouquet garni e 2,5 dl de caldo de peixe. Tapar e deixar cozer uns 15 minutos.
Passar o molho por um coador.
Colocar as almôndegas e as lulas num tacho de barro, cobrir com o molho, cozer tapado no forno durante 20 minutos a 180º; a meio, acrescentar 25gr de pinhões previamente demolhados.
FUGAS
INEVITÁVEIS MIGAS DO ALTO ARAGÃO
[José Vicente Lasierra Rigal - Cocina Aragonesa]
fevereiro 18, 2004
MATILDE
P. A. Gonçalves de Castro, Cartas, Ed. Ilus, Lisboa, 1985
RACKET
Quando uma Câmara Municipal decide albergar no PDM do concelho, dois limites para a mesma medida, está a tomar uma de duas atitudes:
- Se considera que o limite superior é aceitável, negoceia de má fé pois faz depender a concessão do que é justo do fornecimento, por parte da outra parte de contrapartidas mais gordas;
- Se considera que o limite inferior é o desejável, pratica um acto de má gestão urbanística, trocando o bom pelo mau por um prato de lentilhas (ou dois pratos conforme as interpretações mais malignas).
Qualquer que seja a justificação, é um acto inqualificável e de muito mau registo num organismo que se diz ser pessoa de bem.
INOVAÇÕES (III)
Nos casos previstos, são celebrados contratos prévios aos procedimentos de informação prévia, de licenciamento ou de autorização de operações urbanísticas.
Através dos contratos referidos no número anterior, o orgão competente condiciona, em momento prévio à apresentação do pedido de informação prévia, de licenciamento ou autorização, a aplicação de índices e parâmetros urbanísticos mais favoráveis do que os recomendáveis à vinculação do particular a contrapartidas proporcionais. (No passado relativamente recente chamava-se "pagamento de mais valias" e permitiu aos construtores a legalização dos pisos extra construídos ilegalmente, a ocupação das caves com outros usos que não o estacionamento automóvel, etc., etc., etc. É como vender a mãe por meia-dúzia de tostões).
Entre as contrapartidas referidas no número anterior, conta-se a realização de intervenções no espaço público, a cedência de áreas ou a realização de infra-estruturas.
O disposto nos números anteriores não prejudica o cumprimentod as normas legais e regulamentares aplicáveis às operações urbanísticas em causa e corresponde a obrigações que acrescem às que, nessa âmbito, sejam devidas.
INOVAÇÕES (II)
A comissão do PDM emite parecer prévio quando esteja em causa a aplicação de índices e parâmetros superiores aos recomendáveis e nos restantes casos previstos no Regulamento.
A comissão do PDM emite ainda parecer prévio sempre que os orgãos decisores o entendam necessário. (para que os mesmos possam dormir descansados e com as costas quentes).
A comissão é composta por cinco membros de reconhecido mérito na área do urbanismo, do património cultural, do ordenamento do território e do ambiente, nomeados nos seguintes termos:
a) Dois membros pela Assembleia Municipal
b) Dois membros pela Câmara Municipal
c) Um membro pelo Presidente da Câmara Municipal.
Os pareceres da Comissão do PDM serão acompanhados das declarações de votos emitidas e, em conjunto com estas, publicados no Boletim Municipal.
ESTRANHO
fevereiro 17, 2004
INOVAÇÕES
Índice de ocupação recomendável - índice-regra
Índice de ocupação optimizado - IO aumentado até ao limite previsto na Ficha de Intervenção aplicável quando reunidas as condições previstas no presente Plano, mediante parecer prévio da Comissão do PDM e contrato prévio ao procedimento.
Índice de ocupação máximo - IO optimizado aumentado em 25% aplicável quando reunidas as condições previstas no presente Plano, mediante parecer prévio da Comissão do PDM e contrato prévio ao procedimento.
Vejamos... há um índice de ocupação para os distraídos, um índice de ocupação para os choramingas e um ínidice de ocupação para... quem?
Se isto não é um PDM para coisa nenhuma, então não sei para que serve um PDM. (Mas sei para que serve uma Comissão!)
CONSTRUÇÃO E QUALIDADE
Eis um bom exemplo da evolução da qualidade da construção em Portugal. O prédio é de, à falta de melhor expressão, "alto standart", possível anos 50, com o acrescento de três pisos feito nos anos oitenta. Repare-se na diferença do estado de conservação dos rebocos: o mais velho, monomassa, resiste estoico; o mais recente, engelhadinho... Como se sentirá quem pagou como luxo o que tão de habitação social parece provir?
LISBOAMODA
Av. da República
REABILITAÇÕES
fevereiro 16, 2004
LISBOA ABANDONADA
Passear pelo seu site é um acto de cidadania. Acto que obriga a uma continuação: fornecer as informações que se possuam sobre os prédios listados; passar palavra sobre os mesmos; protestar face a algumas deploráveis destruições eminentes. Mexer-se. Agitar. Lutar. (O poder popular é facultativo).
Descobri coisas interessantes. Que à santa Casa da Misericórdia não lhe bastam os milhões do jogo. E que o Boffil projectou um gémeo para o Sheraton. Ele há promotores que sabem levar a sua carta a garcia - basta tocar em pianissimo.
S. MARCOS EM LISBOA
ARGQUITECTURA (II)
A arquitectura de pronto-a-vestir em falta a que se referia Silva Dias (ver pormenores n'O Céu sobre Lisboa) tem neste belo exemplar de coisa nenhuma um exemplo pela negativa. "Isto" não é um prédio de engenheiro - é um prédio de um convencido, de alguém que se julga bom a fazer o que faz. É também um prédio de um chico-esperto que descobriu um lote no meio de Lisboa e lhe deu um toque de algarve cosmopolita - o dos bifes que se recusam a aprender português e só frequentam bares que se chamam pubs propriedade de outros iguais nos modos e nas arrogâncias, o dos portugueses pategos que pensam que sabem falar inglês, o dos construtores que julgam que o que promovem não são casas de emigrantes, o dos projectistas que desenrascam qualquer coisa porque é preciso ganhar a vidinha.
Repare-se: janelas em arco e janelas à esquadria; planos recuados e planos avançados; mansardas a fingir de mansardas. Há uma razão específica para qualquer destas opções? Apenas estão lá, como outras poderiam estar: janelas triangulares, telhdos invertidos, óculos... Este é também um desenho de má consciência: quem o faz, sabe que não tem nem arte nem engenho para mais; e disfarça assim, assobiando para o lado enquanto o rato distraído vai traçando mais uns floreados no autocad.
REBOQUE TURNS GOURMET (IV)
Sol de Lisboa, tempo para sobrar, uma tasca da zona histórica ainda livre de turistas. Filetes de pescada envoltos no polme certo e fritos no ponto: macios, quase crus, derretendo-se no palato. A inevitável açorda lisboeta (a que os alentejanos chamam migas) com o perfume dos coentros. Salada "mista" e de preferência um copo de três. Matar a saudade com uma bica a olhar o Tejo.
fevereiro 15, 2004
PROCURAÇÃO
BAH!
Um destes dias abro uma escola de programação para ter aulas.
fevereiro 14, 2004
FRANKLY MY DEAR, I DON'T GIVE A DAM
Isso não me preocupa grandemente (principalmente porque, mesmo que ele consiga ser o candidato "da direita", ainda há a esperança de aparecer, da área "da esquerda", alguém mais equilibrado). O que me preocupa é saber quem irá substituir o agora auto-indigitado canditado na Câmara de Lisboa: Pedro Pinto? Um dos meninos do PP?
Ai!!!
REABILITAÇÃO CURTA
Traduzo: é fácil fazer obra de reabilitação - basta trocar a cobertura, picar e rebocar fachadas, instalar novas redes de infraestruturas, colocar portas e janelas novas, trocar as tábuas do soalho podres. Difícil, difícil é reabilitar - verificar as condições estruturais do edifício, principalmente face a solicitações sísmicas, verificar o funcionamento do quarteirão onde o mesmo se integra, as condições do subsolo. Já agora, perceber que, mesmo com casa-de-banho, electricidade, água e gás, chão encerado e janelas que vedem bem, uma habitação só é habitação quando proporciona conforto - muitos dos apartamentos existentes, mais do que não cumprirem o REGEU, são absolutamente impossíveis de habitar. Ou antes: qualquer poder público com consciência se impossibilitaria de os alugar quando tanto exige ao promotor privado.
fevereiro 13, 2004
fevereiro 12, 2004
PASTICHES
É difícl construir um discurso com mais inanidades. É deprimente ser este o sumo da política urbanística do presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
LISBOA
OLHA OLHA, TÁ BEM TÁ BEM...
(Qual é o conceito de ordenado? Todos em linha? Todos bem equipados? Todos iguais?)
JORNALIDADES 1
Não será metro do Areeiro? Não será túnel da Avenida da República? Qual dos dois - político ou jornalista - estaria a pensar em touradas?
LULLABY
DESISTIR É PRÓPRIO DOS FARTOS DESISTIR É PRÓPRIO DOS FARTOS
DESISTIR É PRÓPRIO DOS FARTOS DESISTIR É PRÓPRIO
DESISTIR É PRÓPRIO DOS FARTOS DESISTIR É
É PRÓPRIO DOS FARTOS DESISTIR É
PRÓPRIO DOS FARTOS DESISTIR É
DOS FARTOS DESISTIR É
DOS FARTOS DESISTIR
DOS FARTOS
FRACOS
A ARCA DE ALEX
Die Gedanken sind frei, wer kann sie erraten; sie rauschen vorbei wie nächtliche Schatten, kein Mensch kann sie wissen, kein Jäger sie schiessen; es bleibt dabei: die Gedanken sind frei! (Os pensamentos são livres, quem os pode adivinhar; correm como sombras nocturnas, nenhum homem os pode conhecer, nenhum caçador os pode apanhar; e fica assim: os pensamentos são livres!)
la chitarra di David Gilmore nella variegata "Song of the Prisoner in the Tower" e il ruotare delle voci si riappropria delle origini cinesi e chiude un cerchio che rende scintillanti la poesia, la creazione mahleriana e la capacità traspositiva di Caine cristallizza l'agghiacciante drammaticità del testo [è uno dei Kindertotenlieder] in una sorta di sottile dolore paralizzante, come se l'infanzia spezzata venisse riassunta da un rapido carillon questo "Dark Flame" si offre come stimolante "guida" attraverso la strana alchimia che lega questi due musicisti.
Molto bello! ©
fevereiro 11, 2004
REMAKE
fevereiro 10, 2004
SALDOS
Surpresas muitas. Como este "After you, jeru" homenagem de Bud Shank a Gerry Mulligan. Para além de Shank, o quarteto é composto por Mike Wolford no piano, Bob Magnusson no baixo e Joe La Barbera na bateria.
TECHNOCOISA
PêDêMê
Em Lisboa, PDM significa, por exemplo, cortar cabeças a muitos projectos. Ou seja, cortar cerce cérceas que se pretendam esticar acima dos vizinhos, por aspirações de notoriedade dos seus autores ou de solvência dos seus proprietários. Por outro lado, tem o mérito de introduzir algumas regras, alguma ordem, num espaço que, sem ele, seria muito mais "salve-se quem poder", muito mais aberto a arbítrios e jogadas de bastidor. É mau, é castrante, mas é melhor que nada. Significa também uma óptima capa que políticos desinspirados podem acenar quando pretendem justificar proibições ou incompetências. Está feito para todas as medidas: tanto serve de bandeira para os que defendem acerrimamente o status quo como para os que, a coberto da "modernização" essa palavra tão doce e tão competente, pretendem virar o prato para o seu lado da mesa.
O processo de revisão do PDM de Lisboa está em marcha. Ao invés de ser aproveitado para uma discussão séria sobre o futuro desejável para a capital do país, centro microcéfalo de uma região macrocéfala, o projecto em discussão da autoria da maioria que comanda politicamente os destinos da Câmara apenas se preocupa em legalizar modos de ultrapassagem das condicionantes existentes.
Espero sinceramente que, pelo menos por aqui (*) , arquitectos, urbanistas, lisboetas e demais interessados se disponham a uma dissecação séria do mesmo. Se a música saiu da Baixa, pode ser que outras coisas consigam ser mudadas também.
(*) - Aqui, na esfera dos blogs
FOSTER PARENT
Com honras de 1ª página, publica-se a fotografia da maqueta no Público.
Até agora ainda não li nem ouvi nenhum bruá à volta do seu incumprimento do PDM.
Provincianos que somos, permitimos aos alheios o que não admitimos aos nossos? A beira-rio deslocalizou-se? A coluna esbelta e high-tech de Foster é mais bonita do que os sólidos de Siza?
Estranho.
fevereiro 09, 2004
LE MEPRIS
Escolhi este postal entre 50 porque não conseguiria escrever-te noutro senão aquele que de alguma maneira representasse Lagos.
A aldeiazinha onde estou também tem "ruas caiadas onde o sol cai a direito".
Tudo corre bem e o mar é salgado. Tenho saudades.
Um grande abraço
PS- O cão chateia-me o dia inteiro."
P. A. Gonçalves de Castro, Cartas, Ed. Ilus, Lisboa, 1985
"Estaremos a aproximarmo-nos ou a fugir elipticamente, nesta distância não mensurável que criámos?
Estranhamente não fiquei surpreendido. Não me preocupam os teus repentinos humores, a ânsia de me afastares ou procurares, os bruscos não-gestos que espasmodicamente libertas. Ignoros se os desculpo ou se já não têm importância. Terás ocupado o teu lugar prematuramente ao lado dos mitos inacessíveis com que me fui preenchendo nestes últimos anos? (...)
Ironizas ou desprezas, pedes desculpa ou prometes momentos. É inútil falar de muita coisa. É talvez arriscado, há tanto a perder, talvez algo a ganhar. Depois de tudo, tenho medo de mim. Sinto que me repito, sou vários círculos viciados. (...)
Valerá a pena mostrar-me mais frágil do que tu me desejas? Igualar-me na tua confusão de emoções, ser muitos outros e talvez só um? Não te posso pedir ajuda, não me podes ajudar, o problema está em mim, devo assumir a minha pessoa, o egoísmo, o egotismo, o desvirtuar dos sentidos e sentimentos. Procurar alcançar a perfeição de um verdadeiro Narciso. (...)
É tão difícl ser-se cínico."
P. A. Gonçalves de Castro, Cartas, Ed. Ilus, Lisboa, 1985
ESQUERDA, DIREITA, VOLVER
Sendo arte, toda a arquitectura é de esquerda. De direita são as empreitadas, as encomendas que se fazem ipsis verbis à vontade do freguês e que mantêm a mesma designação porque, oficialmente, não existe grau de diferenciação. Polemizo?
Não acho, como LAC que a arquitectura não sobrevive fora da economia de mercado; nem acho que os arquitectos "de direita" não acreditem nas obras públicas. Aliás, qualquer das observações é irrelevante - o que resta, no fim e enfim, é a obra. É ela que marca e demarca posições. E, pela mesma mão, tanto pode acontecer uma peça arquitectónica, uma peça de arte, como um favor a quem paga os honorários - tudo depende da disponibilidade do seu autor. Veja-se o gesto libertário da pala da EXPO e a ferida gangrenosa da entrada do Metro do Chiado. E o seu autor é, penso, profundamente "de esquerda". (Não, não se perdoa tudo a um Pritzker...).
PS - Releio o Lutz e comungo o seu exemplo: o Colombo é, em simultâneo, um projecto de uma extraordinária eficácia pragmática e de uma extremada nulidade artística.
fevereiro 08, 2004
REBOQUE TURNS GOURMET (III)
JERIMUM FREVO É: 15 Camarões pré-cozidos e descascados/4 Lagostas pré-cozidas e descascadas/2 Xícaras de calda de maracujá/½ Cebola cortada em tirinhas/1 Colher (sopa) manteiga/1 Colher (sopa) azeite de oliva/1 Colher (sopa) mostarda/1 Colher (chá) tempera tudo/10 Frutos de zimbro/1 Colher (chá) endro/1 Jerimum jacarezinho de 1,½ kg/1 Colher (sopa) requeijão/Dore a cebola na manteiga e no azeite, acrescente a calda de maracujá com um pouco de água, tempere com o restante dos ingredientes, coloque os camarões e as lagostas, deixe cozinhar um pouco e engrosse com a maizena diluída na água, reserve. Abra o jerimum com um tampo, retire toda a semente, lave a casca com sabão e água, coloque no forno em um tabuleiro com água, deixe cozinhar entre 30 e 40 minutos. Depois do jerimum cozinhado, recheie com o creme de maracujá já preparado e finalize com a colher de requeijão.
Restaurante Oficina do Sabor,Rua do Amparo, 335, Cidade Alta, Olinda - PE, Brasil
fevereiro 06, 2004
RECIFE - URBANISMO
HOW TO BEHAVE! IN A JAPANESE RESTAURANT
Hold your chopsticks towards their end, and not in the middle
or the front third./When you are not using your chopsticks and when you are
finished eating, lay them down in front of you with the tip to left./Do not
stick chopsticks into your food, especially not into rice./Only at funerals
are chopsticks stuck into the rice that is put onto the altar./Do not pass food
with your chopsticks directly to somebody else's chopsticks. Only at funerals
are the bones of the cremated body given in that way from person to person./Do
not spear food with your chopsticks./Do not point with your chopsticks to
something or somebody./Do not move your chopsticks around in the air too much,
nor play with them./Do not move around plates or bowls with chopsticks./To
separate a piece of food into two pieces, exert controlled pressure on the
chopsticks while moving them apart from each other. This needs much exercise./If
you have already used your chopsticks, use the opposite end of your chopsticks
in order to move food from a shared plate to your own plate.
Restaurante Japonês, Calçada do Sacramento, Garrett-Carmo, Lisboa
fevereiro 05, 2004
REBOQUE TURNS GOURMET (II)
paTATE al forno con crema di formaggi pommodori farciti con gamberini focaccine di ceci alla marinara fagottini di bresaola risotto con nocciole, salsiccia e spinaci agnolotti di patate e ricotta affumicata maccheroncini con sanguinelli e pinolli crema di funghi e spinaci manzo (arroto)lato con salsa alchili polpettine alla curcuma con verdure al vapore anatra all'arancia con rosti di riso selvatico petto di faraona al cipollotto dolce capriolo alla valdostana pernice rossa al tartufo pudda e murtaucci arroto alle castagne mostarda di picecui tortino croccante di sedano rapa dadolata di salmone e cavolfiore
PRÉMIO PEIXEIRAS
Telmo Correia em mais uma demonstração de vigor. Nós somos assim. Lederhosen dos pés à cabeça. Quem mas faz paga-mas. Prontos.
RTP: MAPA-TIPO DE MARÇO DE 1981 (SELECÇÃO)
3ªs - "Zoom" - RTP-1 ; Cine Clube - RTP-2
4ªs - Cinema e "O Homem da Atlântida" - RTP-1 ; "Os Mistérios da Música" - RTP-2
5ªs - "A Família Buddenbrook" - RTP-1
6ªs - "Restos do Passado" e "1ª Página" - RTP-1 ; "Romance" - RTP-2
Sab - "O Choque do Futuro" e "Eu Show Nico"
Dom - "O Passeio dos Alegre", "Dallas" e "South Riding" - RTP-1
JOSÉ SESINANDO
Mozart foi, como toda a gente sabe, um "enfant prodige"(1). Não o foi, porém, durante toda a vida. Conta-se que, aos quatro anos já tocava piano: a verdade, contudo, é que começara a treinar-se muito antes, tendo sido o mais autêntico representante da escola pré-mozartiana. No apogeu da sua carreira, Mozart tornou-se insuportavelmente vaidoso e insultou os compositores seus antecessores, nomeadamente através de um opúsculo publicado, anonimamente, em Inglaterra, sob o título Look Bach in Anger (2).
(1) - Apenas por lamentável distracção empreguei, desnecessariamente, uma expressão em língua estrangeira. Não voltará a acontecer. Sorry
(2) - Ainda era John unborn
Se bem me lembro, andei durante uns tempos convencido que JS e MEC eram um só. Hoje não sei.
PEEPING TOM
It ain't over till it's over.
It ain't over till it's over.
It's my rover my rover.
It ain't over till it's over.
It ain't over till it's over.
It ain't over till it's over.
It ain't over till it's over.
sampled from mylifeisnot mylife
MISTÉRIO
Neste prédio situado a pouca distância do Centro Cultural de Belém esconde-se mais um mistério desta cidade: o que leva a deixar "cego" quase 1/4 do volume deste edifíco? Será esta a localização do cofre do tio Patinhas? Do que resta do tesouro real português depois do nunca esclarecido roubo feito em Amesterdão? Dos arquivos do SIS? Dos processos escondidos e perdidos do sistema judicial português? Dos tabus de Cavaco Silva?
Ignora-se. Iluminados de Lisboa, papas da blogoesfera: esclareçam-nos, por favor!
fevereiro 04, 2004
PINTURA PORTUGUESA DO SÉCULO XVII
JOHN KERRY
Não. A minha emoção crescente vem da possibilidade de vermos um português a habitar a Casa Branca, mais propriamente uma portuguesa, a esposa de JK. Imaginam coisa mai linda do que a nossa língua a invadir os corredores do poder mundial?:
"Deividi! Stop raning in de corridores! Ai o fuck do rapaiz quinda me tropeça e dá com os cornos na parede! Deividi! Came ire!"
NOTA - Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. Com este post, o Planeta não quis injuriar os inúmeros portugueses que, desde há muito, andam lá fora a lutar pela sua vidinha e muito menos a futura eligível primeira-dama americana.
CML LEITORA DE BLOGS
MAL CITANDO LEITURAS DE MEMÓRIA
fevereiro 03, 2004
fevereiro 02, 2004
FAN
Alguém sabe o contacto da confraria dos gastrónomos?
E já agora: Ana Sousa Dias mete aquela menina do magazine cultural num chinelo.
RESPOSTA A LAC
1. "(...)«aos "jovens" é-lhes pedido que paguem projectos, fiscalização, empreitada; que garantam o risco do investimento; que paguem os juros; que assegurem a manutenção...» Será assim tão extraordinário exigir este investimento? (...)"
Faltou o resto da minha citação... cujo sentido é: os jovens investem numa propriedade que não é a sua. Ora este investimento, comparado com o investimento feito na compra de um apartamento (e como expliquei, a diferença de investimento e, principalmente, de risco, não é vantajosa para a reabilitação) não parece ser de molde a angariar muitos interessados.
Respondendo à pergunta de LAC - é extraordinário sim. Principalmente quando os "jovens" não pedem: é antes a CML que lhes quer oferecer algo. E é isso que critico - essa bomba disfarçada de bombom. É como se nos dissessem: "Tenho aqui um projecto óptimo para fazeres que te vai manter ocupado durante um ano e impedir que deixes de trabalhar", e face ao nosso pedido de honorários, respondessem "o quê? Já te estamos a dar o projecto e ainda queres que te paguemos? Mas julgas que isto é a Santa casa da Misericórdia ou quê?".
2. "(...) Parece-me bastante razoável exigir aos interessados que se responsabilizem pela reabilitação. (...)"
Concordo em absoluto. Considerando que os prédios devolutos e degradados são da CML e que, portanto, ela é a maior interessada em que a sua propriedade seja reabilitada é de exigir à interessada que se responsabilize pela recuperação. Se é assim tão bom reabilitar casas municipais degradadas porque é que a CML não o faz, alugando posteriormente os apartamentos a rendas controladas (como faz a EPUL (para venda) com o programa EPUL-Jovem)?
3. "(...) Cada vez mais são necessárias soluções criativas para ajudar a reabilitação do imenso parque habitacional degradado (...)"
Já contribuía com algumas e tenciono contribuir com mais. Não esperem é que sancione barretes políticos como este é. Que os enfie quem quer mas não contem comigo para esse peditório.
REBOQUE TURNS GOURMET (I)
Disponham-se assim os convivas à volta de uma mesa com a terrina no centro; rodeie-se a mesma com garrafas de tinto encorpado, profundo, quente e untuoso; alternem-se as ditas com cestas de pão alentejano, maciço, tenro, cheiroso, de crosta estaladiça; encham-se malgas com azeitona bical e pratinhos com queijo fresco (mozzarella de búfala acabadinho de chegar do produtor seria pedir muito para este país). E passe-se o dia e a noite em orgiástico festim.
PÂTÉ: 1/2 kg de fígado de porco; 250 gr de toucinho (só a parte branca); 2 cebolas médias
Passar tudo pela máquina de moer. Derreter 80 gr de manteiga, juntar 150 gr de farinha e 1/2 l de leite. Acrescentar 2 ovos, 2 colheres de chá de sal, 1 colher de chá de pimenta, o picado, 1 cubo de caldo de carne, noz moscada, 1 colher de chá de pimenta preta em grão. Bater com a varinha eléctrica, juntar 2 colheres de chá de pimenta verde em grão. Cozer em forno quente durante 1 hora.
GUERRA SURDA EM PÚBLICO
Como estão longe os inícios dos anos 80 e a guerrilha que a troika Marcelo/Lopes/Júdice desencandeou sobre Balsemão. A crise económica não era muito diferente, o período era de perca pela morte de Sá Carneiro e os extremismos mais notórios. Nada disso impediu o assalto ao poder que o grupo de Lisboa intentou. O tempora...
NOTA - Apesar da falta que faria ao share da TVI e à serenidade de muitos portugueses que não passam sem a sua leitura para a compreensão (parcial) da situação, até que seria interessante acompanhar o desempenho do professor como presidente da Comissão Europeia.
ENCONTROS
Na Rua Rodrigues Sampaio, esta decoração/publicidade numa garagem pública. Um "cheiro" de anos 60, dos primeiros anúncios da RTP, a preto-e-branco. Uma ingenuidade de estilo - o fazer bem como se sabia, ausentes elaboradas técnicas de marketing, um gozo enorme de quem fez e de quem vê, os automobilistas sem carrinho mas de carrinho. O vestuário a marcar as diferentes classes sociais. A democrática opção de pôr à frente os trabalhadores e no fim, o desportista ocioso e o capitalista. Datado, tão datado e tão divertido.
EFEMÉRIDES
Os deuses eram mesmo de pés de barro.
fevereiro 01, 2004
NORONHA DA COSTA
No Centro Cultural de Belém até um dia destes. Como não há muito para ver por aqui (na net) e a literatura (crítica ou não) não abunda, é mesmo de ver. Com calma, com tranquilidade, com tempo.
AARGHQUITECTURA (I)
Série nova. Inicialmente pensei em colocar as fotografias, sem comentários. Mas que diabo, se estas arquitecturas me fazem impressão, se me incomodam ao ponto de as rejeitar, não faria sentido perguntar-me porquê e tentar explicá-lo?
A primeira impressão provém do desconforto das cores. Ocres e derivados, qualquer aproximação ao castanho, são uma espécie de cinzento colorido, uma côr dos pobres, de construtores civis em época de saldos. Pode também ser um acto de assumida rebeldia do arquitecto, uma espécie de desafio ao gosto e hábitos instalados (Manuel Graça Dias é um perito: o pavilhão de Portugal em Sevilha 92 foi ganho com um desafio do estilo) - uma forma de marcar uma posição e opção estética. Mas estes edifícios são mais do que essa tentativa: são uma imposição.
São dogmáticos.
Reparem-se nas verticais e horizontais que marcam os ritmos da fachada: impositivas, na sua pureza indicam como se deve olhar, marcam uma cadência onde não cabe o aleatório da visão de cada um, impedem a fruição do espectador. Marcam um ritmo monótono, sempre igual. Para esta arquitectura autocrática acresce a posição cimeira que os edifícios apresentam face à maioria dos passantes: são símbolos de um poder que nos escapa. São símbolos irritantes porque impostos (no Instituto Superior Técnico, Pardal Monteiro recorreu à mesma ideia: no cimo de uma colina, a universidade situa-se acima dos edifícios circundantes - uma acrópole do saber).
Finalmente, a aglomeração de planos do edifício do hipermercado que une as duas torres - os ritmos mais livres perdem o impacto pela unicidade da côr (o cinzentismo, mais uma vez) que se anula para o logotipo da marca poder sobressair.
Ao longe avistam-se as torres de Chelas com as fachadas redecoradas por Tomás Taveira. Outra maneira de intervir. Outra maneira de reagir. Bem que gostaria de ler o que antropólogos e sociológos teriam a dizer acerca da reacção negativa dos seus habitantes após as obras.