Nunca me consigo lembrar da maneira como nos conhecemos. Apenas me quero convencer de que tens um passado, não surgiste do nada, amigos, desgostos. Mas como? Como, se não sei onde trocámos o primeiro olhar, qual foi a primeira palavra que te disse... Sei que, desde então, apenas nos tocámos e amámos sem palavras, o silêncio que entre nós existe supera qualquer tentativa de explicação. Os sonhos são proíbidos aqui, neste tempo inglório, censor de heróis e romances de amor. Se ao menos eu não fosse eu mas apenas o intérpete do sonho de alguém, entre as 3 e as 4 da manhã...
P. A. Gonçalves de Castro, Cartas, Ed. Ilus, Lisboa, 1985
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