fevereiro 20, 2004

TRAIN SPOTTING (I)

"O comboio será o transporte do século XXI se conseguir resistir ao século XX" era a frase-esperança dos ferroviários portuguses no último quarto do século passado. Hoje em dia, apesar dos esforços conjugados da CP e da REFER, o trasporte ferroviário vai resistindo e o tempo é de alguma euforia, após o anúncio da intenção de construção das linhas de alta velocidade.

Ora muito bem. Devo dizer que não acredito na exequibilidade dos prazos anunciados mas os atrasos que surgirão não me preocupam por aí além. Desde que tenhamos alta velocidade, o resto é questão de pormenor (caro, mas pormenor a longo prazo). A alta velocidade permitirá uma concorrência interesante com o avião, permitirá oferecer um serviço semelhante menos poluente, permitirá viagens mais confortáveis (há mais espaço para as pernas, há mais sítio para passear durante a viagem, há mais paisagem para ver, há menos dores de ouvidos, há menos stress, há menos barulho).


Mas o que acabo de escrever é irrelevante para o propósito desta série de posts. Estou mais interessado em escrever sobre o passado. Os museus da CP abandonados pelo país (e é uma dôr visitá-los, ver um material tão fascinante, tão cenograficamente deslumbrante, tão evocador de outros tempos, assim tão maltratado), as poucas viagens possíveis hoje em dia em locomotivas a vapor. As linhas que foram fechando. As estações, os seus azulejos, os mimosos jardins cuidadosamente mantidos pelos chefes da estação. E também as grandes máquinas, as grandes viagens, os grandes horizontes.

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