Há arquitectura de direita e arquitectura de esquerda? LAC e Lutz (tão cabalístico que isto está...) parecem querer dizer que sim quando divergem à volta da existência de arquitectos de esquerda e de direita.
Sendo arte, toda a arquitectura é de esquerda. De direita são as empreitadas, as encomendas que se fazem ipsis verbis à vontade do freguês e que mantêm a mesma designação porque, oficialmente, não existe grau de diferenciação. Polemizo?
Não acho, como LAC que a arquitectura não sobrevive fora da economia de mercado; nem acho que os arquitectos "de direita" não acreditem nas obras públicas. Aliás, qualquer das observações é irrelevante - o que resta, no fim e enfim, é a obra. É ela que marca e demarca posições. E, pela mesma mão, tanto pode acontecer uma peça arquitectónica, uma peça de arte, como um favor a quem paga os honorários - tudo depende da disponibilidade do seu autor. Veja-se o gesto libertário da pala da EXPO e a ferida gangrenosa da entrada do Metro do Chiado. E o seu autor é, penso, profundamente "de esquerda". (Não, não se perdoa tudo a um Pritzker...).
PS - Releio o Lutz e comungo o seu exemplo: o Colombo é, em simultâneo, um projecto de uma extraordinária eficácia pragmática e de uma extremada nulidade artística.
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