Surpreendo-me sempre com o grau de comoção que atinjo quando encontro um sinal de outros tempos, um sinal de uma época precisa, que não vivi e que, por ser irrepetível, nunca viverei. Nostalgia de uma época que só reteve para memória futura o lado glamour? Ou a sensação de, pelo interposto artefacto, se recriar, por um momento, essa vivência, esse pensar, esses valores que possibilitaram a sua execução desse modo único?
Na Rua Rodrigues Sampaio, esta decoração/publicidade numa garagem pública. Um "cheiro" de anos 60, dos primeiros anúncios da RTP, a preto-e-branco. Uma ingenuidade de estilo - o fazer bem como se sabia, ausentes elaboradas técnicas de marketing, um gozo enorme de quem fez e de quem vê, os automobilistas sem carrinho mas de carrinho. O vestuário a marcar as diferentes classes sociais. A democrática opção de pôr à frente os trabalhadores e no fim, o desportista ocioso e o capitalista. Datado, tão datado e tão divertido.
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