maio 04, 2004

FALTA DE MASSA

Devo começar pelo óbvio: é praticamente impossível querer repetir experiências em ambientes diferentes, com sujeitos diversos e matérias outras.
Apesar disso (seria o domingo primaveril? a efeméride do dia? um ataque de revivalismo?) achei que ir almoçar ao restaurante Rodízio das Massas (aí está, escrito com todas as letras - o Planeta turns snitch) poderia ser uma maneira de relembrar o bom jantar de há três semanas atrás, em Florianópolis (mais pormenores, ler aqui). Engano quase fatal (para as memórias e as expectativas futuras de reencontrar em Portugal achados gastronómicos brasileiros fieis): o restaurante não passa de uma falhada tentativa suburbana de reedição de um conceito alheio.
First things first: ainda que composto por 16 variedades de pratos, o menu é fraquinho, apostando nas variações nacionais de massa: o esparguete passado em alho e azeite, o esparguete à bolonhesa, a lasanha com carne, algumas variantes frias, uma inexplicável (é graça, é gracinha do mestre cuca - ou será diminuta imaginação?) junção de pasta com batata palha e pouco mais. Onde se pedia um cuidado particular com receitas que exigem tratamento cuidadoso que evite a (na verdadeira acepção da palavra) "massificação" há relaxe: as doses são apresentadas em gargantuescas quantidades o que, dada a dimensão da sala, provoca o natural arrefecimento da comida - aos últimos a ser servidos fica reservado um semi-frio. E o recurso à pizza para encher menu também não merece respeito. Ainda ambas feitas com farinha e água, pizza é pizza, pasta é pasta. Nada de confusões.
O serviço é descuidado, lasso. Não propriamente mal-criado; apenas molengão, pouco solícito. Dão-se três garfadas e esperam-se mais cinco minutos por outra dose. Assim é fácil perder clientes.
Experiência a não repetir. Para não criar anti-corpos e deixar campo aberto a futuras aventuras em países que respeitem com mais carinho a pia descoberta chinesa que os italianos difundiram pelo mundo ocidental.

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