Perante tudo o que se passa em Lisboa no sector da construção, eu diria que os fiscais municipais têm um défice de formação que muito os penaliza no desempenho das suas funções. Este défice incide basicamente na falta de insistência por parte das chefias em realçar que o principal instrumento de trabalho de um fiscal não é a caneta, nem o papel, nem a fita métrica, nem o esquadro (sim, conheço histórias de obras embargadas porque o telhado tinha mais meio grau de inclinação do que o que estava indicado no projecto): é o olhar. É verdade: para se bem fiscalizar, é preciso olhar! É claro que não vale olhar de lado, olhar para o ar, olhar para ontem, fazer olhos de carneiro mal-morto... - é preciso olhar e ver. Bem.
Esta fotografia estava para ser tirada desde que vi a estrutura do prédio começar a ser erguida - esperei mais uns tempos porque sempre pensei, na minha ingenuidade, que a obra iria ser embargada assim que a equipa da Câmara passasse na sua fiscalização habitual. Nada. O prédio está quase pronto e ou a rua é mudada de lugar ou, qualquer dia, há um peão que é atropelado ao sair do passeio para a rua porque o pilar não o deixava passar. É grave que estas situações aconteçam? Não! Seguindo os ensinamentos do Portugal positivo, temos de nos regozijarmos com as centenas de pilares que são implantados nos lugares correctos. Este foi um pequenino erro de cálculo e não tem nada a ver com a corrente falta de qualidade na construção, na fiscalização e na direcção de obras. Eu é que sou um mal-dizente.
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