maio 11, 2004

DESILUSÕES

Efeméride oblige, jantar fora ontem. Sendo consensual um encontro com a gastronomia italiana, apressei-me (lentamente que isto de ser mouro e ter entranhado o gosto pelo assistir lento ao rápido frenesim do presente não se perde assim de um século para outro) a tentar reservar mesa no Mezzaluna. Ó Desgraça, ó Maldição!, às seis da tarde informaram-me simpaticamente que chegara tarde e reservas para a noite eram mais raras que a probabilidade de voltar a apanhar o motorista do ministro da defesa a infringir o código da estrada.
Bom. Em desespero de causa recorri à memória e comecei pelos óvios vizinhos de rua. Fechados ou descuidados, não consegui falar com nenhum. Lembrei-me de um Sal&Peppe de boa memória em Campo de Ourique e para lá rumámos à noite.
A casa quase vazia deveria ter servido de primeiro aviso.
No entanto, os começos foram auspiciosos. Guardanapos de pano, fatia de paté (de fígado de aves?) não industrial, pão torrado, manteiga.
Já o menú foi uma perfeita desilusão: Bifes vários, meia-dúzia de massas das mais corriqueiras, muito pouco italiano genuíno, antes a versão feita por portugueses do Italian-International Style. Da carta de vinhos, pela escassez que apresentava (5 tintos, cinco brancos) nem vale a pena falar.
Os pratos apresentaram-se bem confeccionados ainda que a moda de utilizar um prato tamanho XL me deixe de cabelos em pé. Nunca gostei de ver boa comida perdida num vazio de loiça. Fico deprimido. Pela comida e pelo meu estômago.
A depressão final veio com a lista de doces. Três mousses, um doce tipo casa, outras coisas que nem reparei. E o tiramisú? E a panna cotta que tanto me entusiasmou na visita anterior? Zero. Nada. Niente.
Conclusão: experiência apimentada com uma conta salgada. Para prestar um serviço destes, fechem a casa. Poupam o sofrimento a todos. Ou então mude-se o nome para Tia Bjé. Para casa de tias da linha não lhe falta já muito. Tios ordinários e a caminho da interdição de conduzir a comer na mesa ao lado já havia e descaramento para cobrar 4 contos por cabeça por um barrete daqueles também.

Sem comentários: