Passei em zapping pela RTP1 e dei de caras com a recta final do eurofestival. Só ver o resumo das 22 canções foi fascinante.
Foi fascinante pensar no mundo de antes de 1989 e ver as figuras que os países do lado de lá da então Cortina de Ferro fazem nesta montra de vaidades empoeiradas. As coreografias pops. As músicas pops. Os penteados pops. Se existe vida depois da morte não tenho dúvidas do ranger de dentes e arrancar de cabelos que todos os comunistas que tanto se esforçaram por construir o paraíso na terra devem ter feito. Pobrezas do capitalismo.
Neste figurino em que o festival se dividiu em dois grupos, foi comovente ver Portugal entre os seus pares: Bielorússia (ou rrússia?) e Ucrânia, Letónia e Lituânia, Chipre e Malta, Andorra e Suiça, Estónia e Eslovénia, Macedónia e Bósnia-Herzegovina. Foi bom saber que a Albânia abandonou definitivamente o secretismo de Hoxha e também envia coleantes morenas para a europa das canções. Foi curioso descobrir que a nossa companheira europeia Grécia, berço da democracia e dos mais atrasados Jogos Olímpicos de sempre continua a obrigar a Macedónia a anteceder o seu nome de "Antiga República Jugoslava da". Imaginam-se a passar a ser conhecidos no emprego por "Antigo Bébé Joquinha Da Sua Mãe Silva" só porque o patrão também se chama João Silva? Foi ainda educativo verificar o crescimento físico da Europa: não só nos estendemos do Atlântico aos Urais como bordejamos o mar Vermelho e o mar Morto. Aguardo ansioso pelo dia em que uma farfalhuda representante da Síria e uma discreta representante palestiniana tomem, por direito próprio, o lugar que lhes pertence na Eurolândia.
Desilusão, só uma e grande: faltou a representante do Vaticano. Não concordam que um celestial coro de querubins a acompanhar uma vitaminada dupla seria um final apoteótico para esta grande gala?
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