(Post sobre acontecimentos requentados)
Sábado, 1º de Maio. Separadas por quinhentos metros, a habitual manifestação revivalista e uma feira de pirataria. Não sei quantas pessoas estiveram no comício. Não sei qual foi o volume de vendas na feira. Sei que este contraste entre uma comemoração que parece ter perdido o rumo dos tempos e um tempo e um país que encara como natural a busca do falso, um poder que ignora as leis e fecha os olhos à mais descarada ilegalidade, é chocante. Trabalhadores que clamam pelos seus legítimos direitos e trabalhadores que encaram como seu direito ignorar as leis que protegem o trabalho de terceiros.
Há trinta anos, no mitificado "primeiro 1º de maio", ofereceram-me um porta-chaves com uma reprodução tosca de um punho - o punho socialista. Era um óbvia ainda que incipiente tentativa de aproveitar o dia para fazer negócio. Trinta anos depois, as reproduções - agora dos mais celebrados ícones da globalização - aparecem como quase perfeitas e muito mais apetecíveis. Não deixa, contudo, de haver alguma justiça poética nisto tudo: os filhos da revolução vingam-se deste modo inconsciente das maleitas do capitalismo papão. É assim esta celebrada evolução.
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