maio 23, 2004

"UMA SÓ VIA: SOCIAL-DEMOCRACIA!"

Longe vão os tempos em que este slogan se ouvia sempre que havia um comício do PSD. Hoje o partido, para além do realinhamento à direita motivado pelas companhias da coligação, está mais que infiltrado de ultras que, na aparência, vestem a pele programática de Sá Carneiro mas que, na sua estratégia de aranha, vão laboriosamente tecendo os caminhos secretos de quem os inspira. Há de tudo: desde militantes furiosamente anti-aborto com claras ligações à "Obra de Deus" a carreiristas anti-comunistas primários para quem a ideologia pouco vale desde que se proteja a sagrada trindade do lucro, da liberdade pessoal e do status quo fiscal.
Lembrei-me deste slogan quando ouvia ontem as palavras de Durão Barroso sobre o deficit democrático dos Açores. Como apanhei as frases a meio, ainda pensei que o homem estava a dar uma esfrega pública no chileno Jardim (descobri outro dia que os continentais são "cubanos" não por qualquer animosidade rácica mas por oposição à superioridade "chilena" dos madeirenses em 75). Ainda tive um começo de optimismo (influências do apoio de Marcelo ao "portugal positivo") - incrédulo, claro, mas na expectativa - que logo foi desfeito: afinal o ataque era aos Açores.
Ora que diabo. Então depois de uma semana a endeusar o sistema político madeirense, com desejos do mesmo se estender a todo o país, vão contradizer-se, atacando o preciso local onde o efeito Alberto João mais se faz sentir?

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