dezembro 03, 2003

AEROPORTO

É inevitável: cedo ou tarde o turista é apanhado desprevenido por um dos muitos “empresários” que pululam nos aeroportos de Luanda (há dois para a mesma pista, o internacional e o para voos internos, uma espécie de Portela + Figo Maduro em versão condensada) e lá tem de largar uma nota em paga dos serviços não solicitados que à partida pareceriam oficiais. Calhou-nos agora, um diligente despachante que pegou nas malas e as conduziu até ao check-in – 5 minutos, 100 kwanzas. Riu-se um riso desdenhoso que parou perante a ausência de reacção do cliente a este encapotado pedido de aumento.

Ofendido na usa dignidade oficial, o homem que controla as entradas na zona do check in, insiste na chamada que nos faz – bilhetes! Mostram-se os bilhetes e a seguir os passaportes. E vai ao Huambo fazer o quê? Em trabalho. Trabalho? Guarda os passaportes. (Ó recurso último do burocrata terceiro-mundista!) 10 minutos de conversa. Mas não sabem que não podem trabalhar com o visto de turista? Se em Portugal nós não podemos, porque é que aqui seria diferente com vocês? Desligo-me do assunto e deixo ao nosso contacto luandense a obrigatória negociação. Lá nos deixou passar, restabelecida a imagem. Há qualquer coisa do “salvar a face” oriental nesta opereta tropical.

Pela primeira vez na vida, estou num voo que fica pronto a descolar 15 minutos antes da hora indicada. É claro que regras são regras, e esperamos 15 minutos num passeio lento pelos acessos à pista até haver autorização para descolar.

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