dezembro 14, 2003

INEVITAVELMENTE SADDAM

Ele (ou alguém por ele) ali está, em bicrómico azul e negro, humilhadamente desgrenhado e de barba grisalha, os dentes analisados como a um cavalo. Como imagem da derrota, beatificamente coberta pelo manto humano das preocupações sanitaristas, não está mal.

Tenho de fazer um esforço de memória e associar a esta imagem de mendigo cuja prisão suscita gritos de alegria a alguns dos assistentes, os anos e anos de ditadura impiedosa, os relatos de detidos, torturados, foragidos, as negras imagens de mulheres e crianças curdas gaseadas, as guerras iniciadas.

Qual será o seu futuro? Nuremberga? Guantanamo? Haia? Sob que arco de triunfo desfilará agrilhoado?

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