dezembro 27, 2003

IRÃO, BAM



Aconteceu no Irão, é lá longe, estas "coisas" acontecem "nesses" países, longe de nós. Damos a nossa solidariedade, compungidos com a dôr que vemos nas imagens.

Esquecemo-nos - ESQUECEMO-NOS DEMAIS - que a probabilidade do mundo assistir a imagens parecidas tiradas em Lisboa aumenta a cada dia que passa. Para além do barril de pólvora que os bairros históricos são - com os seus materiais de construção combustíveis, as toneladas de lixo acumulado ao longo de séculos, as instalações eléctricas deficientes, tudo altamente inflamável - Lisboa (e o resto do país) é um castelo de cartas à espera de um abanão para ruir e o centro histórico ruirá totalmente. Para os que acham que o Marquês e os seus engenheiros tudo previram, ofereço notícias de desengano: incúria, esquecimento, desleixo, destruiram em dois séculos a laboriosa teia resistente construída. E o Marquês não se ocupou nem de Alfama, nem da Mouraria, nem da Madragoa, nem do Bairro Alto, nem dass Avenidas Novas... Nem o Marquês, nem os que o seguiram.

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