setembro 14, 2004

A REABILITAÇÃO URBANA E LISBOA (VII) - SEGREDOS

Todas as políticas aplicadas pela primeira vez são passíveis de falhas, estão abertas a enganos, são caminho possível para erros. Não serão eles o aspecto mais gravoso da actuação pública, desde que identificados e corrigidos a tempo. Gravoso é não se criarem mecanismos para a sua identificação e mortal (principalmente para o objecto dessa política) é não se discutirem as suas causas e consequências e as correcções possíveis.
Da actuação da Reabilitação Urbana no consulado da coligação PS/PCP muito ficou por perguntar. Não houve disponibilidade ideológica para tal (o terreno era um feudo quase exclusivo do PC) e, provavelmente, capacidade técnica ou intelectual suficiente para o fazer com competência.
Uma das primeiras experiências de intervenção profunda em edifícios com pretensa qualidade histórica foi efectuada neste edifício situado na área de intervenção do Gabinete Local de Alfama e Colina do Castelo.


Foi um segredo bem guardado o valor final da empreitada que permitiria apurar o custo da intervenção por metro quadrado, ainda o melhor monitor da relação investimento/significado histórico que eu conheço. Cabe dizer que áreas como a que o edifício disponibiliza seriam liminarmente recusadas por qualquer candidato a habitante de fogo social e que, passados mais ou menos 10 anos, são notórias e múltiplas as patologias visíveis.
Portanto: 600 a 700 contos por metro quadrado de intervenção, uma péssima qualidade de habitação e uma obra que apenas disfarçou os problemas da construção. Não mereceria isto mais do que o silêncio?

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