setembro 21, 2004

CAM, LUNCHTIME

As incríveis salas vazias de visitantes dos museus portugueses. Os meus passos a ecoarem no silêncio, num sincromismo quase perfeito com os passos do segurança que me segue desocupado. Uma curta-metragem da Ana Hatherly, fantástica porque de 75, o ano de todos. Gosto (já não sei se é gosto se é hábito) do encadear dos fragmentos de olhares, catazes, pixagens, a voz do Ot(h)elo em fundo, o povo, as palavras de ordem. Tempo sem tempo.
A Mãe da Paula Rego (como tudo o que já vi da Paula Rego) é de uma preversidade inquietante. Lembro-me da imagem quase cliché de uma cebola, dos layers e layers (sou snob ao utilizar o termo inglês?) que, sucessivos, se vão descobrindo.
Interesso-me pelos cadernos de esboços do Ruy Leitão que estão em exposição temporária. Hoje em dia, interesso-me por todos os cadernos de apontamentos que encontro. A história da vida da Menez é uma tragédia. Será que os artistas precisam de uma lâmina mais afiada para melhor destilarem o seu génio?
O CAM é de uma frieza exagerada. O tempo passa pelas suas paredes e transforma o despojamento original em desencanto.

Sem comentários: