setembro 07, 2004

LEITURAS

As férias trazem coisas engraçadas. Como arrebanharmos uma carrada de livros que fomos comprando ao longo do ano e não tivemos tempo de esgotar, na esperança de nos pormos em dia com o atraso. E depois lê-los todos e catar mais alguns perdidos de expedições idênticas de anos anteriores.
E assim li - finalmente? - o On the Road . Atrasado uma ou duas gerações em relação aos contemporâneos do livro escapa-me a emoção que muitos deles devem ter sentido ao lê-lo. A emoção de encontrar o mesmo tipo de desassossego que sentiam - um desassossego muito pouco pessoano e muito caracteristicamente novo-mundista, muito próprio de sociedades que ultrapassaram o tempo da sobrevivência e se preocupam com a ocupação dos dias da abundância. Bom, li o On the Road quarenta e sete anos após a sua publicação e muitas águas passadas por todas as pontes do mundo. E, ainda que não me ocupe muito a necessidade de fazer quilómetros para buscar o outro lado do continente porque o actual parece esgotado de soluções, dei comigo a traçar, no atlas cá de casa, os caminhos percorridos no livro. A criar variantes. A inventar novas viagens.
Eu português descendente do senhor Oliveira de Figueira me confesso: o mundo é a derradeira curiosidade e percorrê-lo a última resposta.

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