setembro 23, 2004

AI, AI, AI...

Acabo de ouvir as declarações do presidente da CML a confirmar a aquisição do Pavilhão de Portugal pela autarquia. Das duas uma: ou o homem teve alguma dificuldade em explicar o brilhantismo da solução ou a transação não passa de mais um frete político a uma empresa pública em dificuldades económicas notórias as quais nenhum Governo teve coragem em assumir como inevitáveis na grande operação de reabilitação da zona oriental da cidade.
Uma coisa seria fazer uma dotação orçamental para liquidação do saldo negativo da ParqueExpo - não me escandalizaria uma vez que, como provado, tão grande operação não se pagaria a si mesma e era consensual o interesse nacional da mesma.
Outra, muito diferente e muito mais gravosa, é a obtenção de receitas por todos os meios, desrespeitando compromissos assumidos com moradores, densificando exageradamente uma zona vendida como de nível superior, terciarizando, descaracterizando o que foi a experiência urbanística mais marcante em Lisboa desde as intervenções do Eng. Duarte Pacheco.
E o que disse o Eng. Carmona Rodrigues?
- Que a compra do Pavilhão de Portugal se inseria numa acção mais vasta de regularização da dívidas da CML à Parque EXPO (?). Então a CML tem um défice superior a 80 milhões de euros, deve dinheiro à EXPO e ainda se vai endividar mais?
- Que há outras formas de pagamentos que não em dinheiro, antes em espécie, designadamente terrenos. Ou seja, abre caminho ao alastramento da densidade que já se verifica na zona da EXPO às áreas circundantes.
Como se vê, uma maneira fantástica de gerir maravilhosamente a cidade.

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