setembro 29, 2004

A BARRIGA DA PRODUTIVIDADE (I)

"Finalmente parece que o hotel vai avançar!...", exclamação alegre , seguida das necessárias reticências para quem há mais de dois anos espera pelo começo do projecto.
Eu conto a história em forma de resumo:
No princípio de 2002, era uma vez um promotor que decidiu, após os respectivos estudos de viabilidade que era tempo de iniciar o processo que levaria à construção de um hotel em zona carenciada de equipamentos do tipo. Localizando-se perto de equipamentos desportivos relevantes, achou que a realização do EURO anteciparia o retorno financeiro, tendo portanto orientado tudo para que a inauguração se desse por volta de Abril/Maio de 2004.
Contactou previamente a direcção do parque natural que lhe estava próximo para escolher um terreno isento de problemas e questões ambientais. Comprou o que lhe aconselharam, com área mais que suficiente para construir o dobro da área pretendida.
O presidente da Câmara deliciou-se: o concelho triplicaria o número de camas em oferta.
Tudo rigorosamente pensado, planeado, combinado, sem jogadas por debaixo da mesa.
Até que uma aventesma entendeu que a lei não dizia que era necessário um estudo de impacto ambiental "mas já agora..."
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Dois anos e 34 (sim, trinta e quatro!) entidades depois, foi emitido o despacho de aprovação do Ministério. Foi-se o EURO e toda a amortização que já poderia ter sido feita se as coisas andassem a uma velocidade europeia neste país. A culpa deve ser da má formação dos portugueses...

PS - Entre as entidades obrigatoriamente a ouvir estiveram duas associações de caçadores e uma de amigos da fauna local, as quais deixaram esgotar os 30 dias de prazo sem emitir uma opinião. Sorte a deles que se podem escapar a tanta parvoíce.

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