junho 30, 2004

PROCURA-SE AVIDAMENTE

BUÉ DA FISH

Ó Zé Manel, como é que se diz CHERNE em inglês?

ROSÉ É QUE É

Dada a premente necessidade que Portugal tem de aumentar as suas exportações, proponho que, desde já, o Dr. (Durão) Barroso comece a capitalizar em proveito do país as vantagens do seu novo emprego. Assim, aproveitando a involuntária ajuda do premier irlandês, deve rectificar as suas declarações de ontem no que respeita ao nome com que a imprensa internacional o deve tratar:
"Forget the Durão, forget the Barroso. As you know, one of Europe's basis is the Christian faith and so I would like to homage it by using the name of one of its leading Saints, the author of one of the Godspells, followed by my christian name. So, please call me MATEUS ROSÉ."

ROSÉ MANHUEL

Afinal não é só o putativo presidente da Comissão Europeia quem tem tendência para as línguas.
O primeiro-ministro irlandês assimilou rapidamente a língua portuguesa.
Veja-se o modo perfeito como trata o seu ex-homólogo português: "Rosé Manhuel Baroso"

junho 29, 2004

UNANIMIDADES

Como escrevia f., como são estranhas estas diversas unanimidades. Uma das mais interessantes é a que leva toda a esquerda moderada a cantar loas à política económica de contenção orçamental de Manuela Ferreira Leite, a Desejada.

AMORES

"Forget about the Durão" oiço o nosso ex dizer simpaticamente à imprensa estrangeira.
Ah como é diferente o amor na Europa!!!

INDIGNAÇÕES

Miguel Sousa Tavares insurge-se quanto ao facto de Santana Lopes querer sair da presidência da Câmara de Lisboa para a Presidência da República e não se saber quem será o seu sucessor. Pena que o jornalista da TVI não lhe tenha lembrado o que sucedeu na mesma Câmara no tempo de Jorge Sampaio. O seu delfim acho que nem vereador era na altura...

ALÍVIOS

"Durão parece outro, menos tenso, mais aliviado, já conta piadas"
Bom, já o D. Carlos se sentia muito melhor em Paris do que em Lisboa.

PROFUNDA REFLEXÃO

Quando há quinze dias Durão Barroso prometeu que ia levar em conta os resultados das eleições europeias, nunca pensei que ele levasse essa promessa para tão longe...

Gosto de me sentir compreendido.
Freitas do Amaral considera a nossa democracia "directa". Por isso,

ELEIÇÕES

Reconheço a pertinácia da pergunta: se é lógico reclamar eleições antecipadas hoje, não o seria igualmente e com mais premência para a Câmara de Lisboa? E, a ser assim, não o teria sido igualmente aquando da "deserção" de Jorge Sampaio para a Presidência da República?

junho 28, 2004

A CAMINHO DO CÉU

Se Santana chegar ao poder, Portas chegará à liderança da direita nos próximos 6 anos.

REPÚBLICA

"- Isto é uma república das bananas!
- Isto é uma república de bananas."

O FUTURO MAIS PERTO

Se - se... - Santana Lopes chegar ao poder no PSD, o PP tem os dias contados como partido. Santana é o homem ideal para o casamento desejado por Portas e parece-me que a fusão entre os dois partidos é igualmente por si desejada. Vingaria assim o sonho de uma Nova Direita, forte e unida e, a acontecer, transformaria a alternância de centro que sempre se viveu numa alternância de poder muito mais diferenciada. Teria o mérito de clarificar as águas. De, definitiva e claramente separar o muito que sempre foi comum entre socialistas e sociais-democratas.
Independentemente do imérito técnico, Santana alcançaria finalmente as portas do Olimpo político nacional. Ainda que fosse como a versão portuguesa da Silvio Berlusconi.

ESCOLHE-ME A MIM! ESCOLHE-ME A MIM!

Carlos Magno em declarações ao Jornal das 13:00, RTP1:

"Durão Barroso é o homem ideal, apontado há muito por Helmut Kohl, Jacques Delors, Cavaco Silva. (...) É um antigo esquerdista, agora é social-democrata. (...) Ainda que chefie um governo de direita com um parceiro de coligação muito à direita, acredito que ele hoje é um social-democrata ao estilo alemão."

DELICADEZA

Jornal das 13:00 na RTP1:

"Neste impasse, o Governo está a meio-gás".

Bom, a meio-gás está este Governo há muito. Agora, está definitivamente sem gás.

ESTRANHEZAS

Escreve-me f. a propósito dos últimos dias, da estranha unanimidade que surge de todos os quadrantes, da mudança de estilo do "patriarca":

"(...) estranha unanimidade em volta de um assunto que apenas diz respeito ao Psd. O problema do país não passa pelo Santana Lopes mas pela escolha de Durão Barroso - foi eleito democraticamente. Durão... foi eleito e Santana Lopes está onde está: DEMOCRATICAMENTE eleito... problema do Psd ... e problema do país que elegeu um tipo como o Durão Barroso!

(...)

Só o Psd pode dizer: eleições antecipadas. Isso é que era de força!

Vá lá ler o JPP e veja lá se ele fala em eleições antecipadas? Tá ali a perorar de forma ínvia sobre o Santana Lopes. Veja se ele escreve a direito o que pensa... ele não pensa senão nele e nos seus milhares que iria ganhar na Unesco. É tudo muito trivial e prosaico.

Eu comecei a ler blogs hoje de manhã e pensei... hummmm tanta gente tão diferente contra Santana... hummmmm ... E depois quando fui ler o Abrupto comecei a rir... olhó gajo!!!, agora a blogoesfera existe e largou os poemas e o ee cummings. Pudera!!!, a blogoesfera não existe para ele... a não ser para o que lhe interessa.

(...)

O Marcelo ontem foi claro. Disse: veja-se o caso do Luxemburgo em que o primeiro-ministo disse que não ao cargo porque tinha um compromisso com o eleitorado. Marcelo invejoso e odiento de Santana e Durão...

O Santana é um problema do Psd. O problema do país é ESTE GOVERNO."

COMENTÁRIO E ILUSÃO

O Paulo Gorjão é o primeiro a responder à minha pergunta: porque é que ninguém antecipou a ida de Durão?
Resposta parcial, ainda que bem fundamentada, caro Paulo. Pelas reacções dos últimos dias, acredito que a alguns dos comentadores - principalmente os ligados ao PSD - a hipótese agradaria menos que a cruz ao diabo pelo que representaria em termos de futura liderança do partido e do Governo. Típico wishfull thinking: se eu o negar, é possível que ele não aconteça.

ANOTHER 20 MILLION DOLAR QUESTION

Pergunta prévia:
Será que a intervenção de Jorge Sampaio se esgotou na irritada declaração da sua existência?
Pergunta chave:
Aceita ou rejeita a solução proposta pelo PSD?

(Num registo vernacular: engole ou cospe?)

A LUTA

Inquestionavelmente, o PSD soube merecer ao longo dos seus 30 anos de vida o epíteto de enfant terrible dos partidos portugueses. Nem nos momentos de maior fervor partidário, com maiorias confortáveis e poder desmesurado disponível para a distribuição farta pelas inúmeras clientelas, se apagaram vozes críticas, mais ou menos iluminadas, mais ou menos despeitadas.
Pois agora parece ter chegado o momento para uma dessas vagas de fundo cíclicas como as que no passado abalaram Sá Carneiro, Sousa Franco, Pinto Balsemão, Mota Pinto ou João Salgueiro (este último, putativo vencedor do Congresso da Figueira da Foz onde um discreto ex-ministro trocou a rodagem do carro novo por 10 anos de poder quase absoluto).
Pacheco Pereira foi o primeiro a combater a entrega das chaves do partido e do país a Pedro Santana Lopes.
Marques Mendes juntou-se-lhe hoje.
Marcelo Rebelo de Sousa, elipticamente e com o brilhantismo habitual, demonstrou por A+B, na sua aula semanal na TVI, porque razão se posiciona do lado de lá da aparente unanimidade da consagração de PSL. Sem nomes, foi lapidar ao citar Sá Carneiro (brilhante: calar com Sá carneiro quem tem por gosto apresentar-se como o seu herdeiro dilecto) "acima da social-democracia, está a democracia e acima da democracia está Portugal."
Ah que saudades, ouvir alguém do PSD falar em social-democracia...

MUDANÇAS

Curiosíssima mudança neste internético e blogueiro mundo. Não, não foi o Europeu de futebol a criar unanimidades e a arregimentar forças. Num dado momento, a todos quantos por aqui escrevem parace ter assomado um princípio de cidadania: uma consciência que, para uns foi de ultraje, para outros foi de rebeldia perante o perpétuo estado de certeza que sobre as suas cabeças o Estado se permite assegurar. Uma rebeldia que nuns foi criada no seu antagonismo político e noutros num antagonismo de princípios. Em todos uma certeza: de que a sua voz conta.
Confesso que nunca assisti a uma exigência de democracia tão praticada, tão tomada nas mãos, tão longe de gritos de rua ou de slogans partidários.
É estranho - e ao mesmo tempo sinal de uma segunda vida deste espaço de espaços - ver Pacheco Pereira (simultaneamente o responsável pelo começo da divulgação dos blogs comunicar e o maior avesso a um cruzamento de citações) a comunicar com outras páginas, apelar à sua participação cívica maciça; ver posições comuns entre blogs de extrema esquerda e outros que nem por isso; ver espantos e demonstrações de repúdio por mãos que nunca estiveram muito longe do partido do governo.
Uma segunda vida.
Espero que seja também sinal de uma segunda chance para o país, nestes esquisitos tempos.

junho 27, 2004

THE 20 MILLION DOLAR QUESTION

Como é possível que comentadores bem-informados tenham menosprezado a hipótese de Durão ser presidente da Comissão Europeia? Realidade ou ficção? Acto político ou análise falhada?

PAÍS POBRE

À luz dos recentes desenvolvimentos políticos no país, mais interesse teria em ouvir a resposta de Pacheco Pereira à pergunta que formulada no meu post do dia 23, aliás parcialmente revelada na angústia que lhe sai dos seus últimos escritos.

junho 26, 2004

100 MEDIDAS PARA O GOVERNO LOPES

1ª Remodelação da bandeira nacional.
O futuro de Portugal não se compadece com símbolos anquilosados de ideologias mortas no virar de página da história. Portugal quer-se moderno, de bom-gosto e, acima de tudo, em consonância com o espírito das elites que o governam e tão bem foram referendadas pelo povo português. A primeira medida do Governo da maioria Futuro Portugal será a adopção do seguinte design para o símbolo pátrio primeiro:

PORTUGAL : A EQUAÇÃO DO MOMENTO

junho 25, 2004

PORTUGAL-INGLATERRA: THE DAY AFTER

PORTUGAL-INGLATERRA: REFLEXÃO

Como é que 90 minutos de correrias atrás de uma bola podem transformar o ânimo de uma nação?.
Não sei. Mas sabe bem.

PORTUGAL-INGLATERRA: RESULTADO FINAL


(Com a bochecha ainda vermelha pela bofetada de luva e chuteira branca)

junho 23, 2004

FOR(Z)A

Eu adoro a Itália, se pudesse passava a vida num passeio folgado entre os canais de Veneza e as planícies da Toscânia, os lagos do Norte e o passado de Roma. É na Itália que eu me sinto em paz com o mundo, prestes a saborear qualquer repasto que me apresentem com a certeza de que me vou deliciar, prestes a perder-me em qualquer pintura com a certeza de que vou aprender a olhar ainda um novo modo. Itália da luz da laguna, do verde da Umbria, do negro dos cabelos e do vermelho dos sorrisos. Itália do cantar siciliano.
Tudo eu adoro em Itália.
Tudo, menos essa significância que é agora primeiro-ministro e, fundamentalmente, menos o seu futebol. Como é que a mesma terra que produziu Verdi e Rossini pariu esse método embrulhado de ganhar jogos e campeonatos que consiste em engromelar o adversário até à exaustão num jogo tão monótono onde até a assistência adormece, onde o golo vitorioso aparece tão camuflado que ninguém dá por ele? Como é que o solo que viu brotar as audazes legiões romanas se permitiu vomitar estes modernos exércitos de engonhas que mais não fazem que embalar os virtuosos adversários em trocas de bola de caracacá que os levam à perdição? Como se permitiu trocar a visionária engenharia romana por aritméticas de pacotilha em que três empates são preferíveis à arriscada valentia de uma vitória?
Não entendo. E não aceito.
E por isso, ontem, gozei com aquele empate nórdico tão certinho, tão fabricado nos tabloides italianos que ditou a eliminação da squadra azzurra. Finalmente pude ver ópera num relvado da selecção italiana - vi riso e choro quase em simultâneo nos últimos segundos. Vi a glória de um braço no ar transformar-se na tragédia de um corpo agachado no chão a soluçar.
Justiça feita. História reposta.
E completamente harmonizado fiquei com os italianos quando ouvi uma desiludida adepta, gritando à saída do estádio "Trappattoni va fan culo!"

VERDADEIRAMENTE, UMA QUADRATURA DO CÍRCULO

Adormeço, tarde na noite, ainda com as palavras ouvidas na "Quadratura do Círculo" uma, penso, repetição de programa original.
Desperto de madrugada com uma pergunta: "José Pacheco Pereira, considera-se de esquerda ou de direita? E, se de esquerda, como se sente com a presente vocação direitista do seu partido?".
Volto a adormecer. Mais uma pergunta que ficará sem resposta.

junho 21, 2004

A PROPÓSITO DO CHIADO

AARGHQUITECTURA SIM!

Há uns anos atrás, pedi o obséquio a interposta pessoa de perguntar ao seu amigo e colega Siza se a merda que fazia em Lisboa era sem querer ou mais uma farpa na guerra Norte-Sul inventada por Pinto da Costa. A interposta pessoa ficou incomodada, disfarçou e, para além de me provavelmente me ter mandado igualmente à dita, remeteu a pergunta para o esquecimento das coisas inconvenientes.
Veio a pála, passaram os anos e, apesar da irritação que se renova de cada vez que passo pelo largo do poeta e olho a cloaca, a minha oposição foi-se transformando em duvidosa má-vontade. As coisas foram acalmando.
Até que os pilares e lajes que paulatinamente estavam a ser construídos entre as ruas do Alecrim e António Maria Cardoso se transformaram em edifícios e a antiga azia voltou.
Tenho passeado à volta daquilo. As fotografias não têm ficado boas e, mais por isso do que por outra coisa, tenho passado por cima. Mas - em qualquer pano lá cai a nódoa - não quis o Lourenço deixar de contrapôr logo este exemplo à má experiência do seu post anterior.
Que diabo, Lourenço! Se o que acontece aqui é precisamente o mesmo medo de falar diferente! Porque é que a linguagem tem de ser linear como parece ser a dos prédios pombalinos e seus seguidores temporais? E, sendo linear, porquê esta filosofia de azulejo, esta monotonia de fachadas e vãos, este monolitismo tonal que, conjugado com a pouca largura das ruas, chega a ser sufocante?
Não há côr. E dir-me-às: pois se a envolvente também peca por falta dela... E? Falei há dias da exuberância exibicionista da intervenção de Troufa Real no âmbito da Sétima Colina. São visões de arquitectura totalmente opostas, eu sei. Mas, apesar da patine entretanto criada, a intervenção, na sua diferença primária, acabou por realçar o que os edifícios tinham de particular, enquanto a obra de Siza, ao monolitizar a sua intervenção, acaba por dissolver o que cada edifício circundante tem de particular nessa pseudo-igualdade austera e aborrecida.
São filosofias de vida, eu sei, prováveis credos na igualdade de todos. Mas não faria mais sentido, sendo as ruas estreitas e as fachadas existentes construídas quase num único plano, aproveitar a inércia da memória do vazio para criar uma variação de volumes e planos, perpetuando-a e marcando em simultâneo a nova idade da intervenção?
É óbvio que a depurada arquitectura de Siza cai bem nos espíritos preocupados com uma pretensa "descaracterização" das zonas históricas - leia-se técnicos camarários e ippars. Mas é a melhor solução para aquela encosta e para aquelas ruas?
Como no Chiado e no Metro - em que Siza assaca os falhanços às opções dos clientes -, aqui parece mais uma solução de compromisso,conjunta entre as suas ideias e as pressões possíveis ou reais, teóricas ou inventadas de clientes e autoridades licenciadoras. Uma espécie de loteamento taylor made à medida da ignorância de quem paga ou autoriza. É sobranceiro e quem paga é Lisboa. (Se o homem é Pritzker, pois que diabo!, que tenha cojones e imponha a sua visão. Se a sua visão é mesmo aquela... volto à pergunta do início).
Aquilo impõe-se Lourenço (e qual é o medo da imposição? Não é qualquer obra arquitectónica uma imposição ao vazio, ao existente? Arquitectura camaleónica?) Impõe-se é pelas razões erradas. Não é calmo nem sereno. Nem contido - rebenta pelas costuras, estica-se até ao limite do lote. Aquelas escadas intermédias são aflitivas, aflitas, sufocadas nas paredes altas dos rasgos nas fachadas. "Continuidade ao ritmo da rua..." Ora bolas Lourenço, era mais fácil ir aos arquivos municipais e copiar a traça de um pombalino original! É como se, contratado um solista de um novo instrumento para uma orquestra, o maestro o pusesse a tocar as mesmas notas de um outro existente - continuava o ritmo existente mas qual era o ganho?
Por muito que gostes do trabalho do homem, defender aquele é contradizeres-te, Lourenço. É dizeres que a frase que tanto contestaste - O Instituto Português do Património Arquitectónico impôs a manutenção da fachada do prédio e que a construção obedecesse à traça original pode ser aplicável desde que com qualidade - porque o que se vê na rua do Alecrim é uma fachada "mantida" e uma traça original macaqueada. É dizeres que a bondade de uma teoria depende da qualidade da sua prática.
Eu não concordo com isso.

ATÉ QUE ENFIM

Bom, lá vou eu falar do Projecto outra vez em menos de uma semana.
Desde que me conheço que assisti a uma curiosa dualidade na classe dos arquitectos (e que é comum a outras classes, nomeadamente a médica) que é a de criticar colegas em privado para os elogiar em público.
Ora se discutir arquitectura neste país inóspito é essencial, um dos vectores dessa discussão não pode deixar de ser a crítica, não só do que é feito por arquitectos/desenhadores (arqui-rectos? arquidores?) ou engenheiros, mas igualmente por colegas de outras escolas de pensamento, outras perspectivas, outras visões.
Raramente na blogosfera tenho visto chegar tão longe essa demolição de gosto ou engenho. Ontem, o Lourenço, produziu um texto valente, que vale a pena ler e que merece comentários e, porque não, polémica de quem dele discordar.
Eu - infelizmente para a polémica e felizmente para a minha sanidade - concordo. Aliás, há muito que venho aqui escrevendo acerca das parvoíces medrosas de técnico manga de alpaca que o IPPAR obriga. (hei-de continuar)

OLÉ, OLÉ E QUEM NÃO SALTA...

OLÉ, OLÉ E QUEM NÃO SALTA...

OLÉ, OLÉ E QUEM NÃO SALTA...

OLÉ, OLÉ E QUEM NÃO SALTA...

junho 19, 2004

DIETAS

Não me interpretes mal - um filete de peixe-espada grelhado é um prato que não rejeito, mas dia-sim, dia-não, torna-se uma companhia sensaborona, não é, por si só, uma cantata de Bach, uma tela de Titiano, um peça de Wilde... Não, peixe-espada grelhado - apesar do azeite aromatizado com alecrim, das batatas novas cozidas em vapor e polvilhadas com cebolinho e das tiras de pimento vermelho - tem dias e tem tempos de intervalo.
Mas tenho a minha dieta, tenho as minhas restrições, tenho o meu profundo enjoo às proteínas da carne... e duas postas de peixe-espada já descongeladas a olhar para mim. À minha espera. Ansiosas, ofegantes, a clamar pela grelha quente.
Já te disse que sou teimoso?
Corto duas cebolas em oitavos (em quartos ficam grandes demais) e marino-as na quentura do azeite, assim devagarinho para perderem a crueza sem ganhar côr. Acrescento duas colheres de suco de tomate (não, não é dia para cirurgiar tomates frescos), espero uns tempos e acrecento as rodelas da courgette. O peixe segue-as a meio da cozedura. Dois dedos de vinho branco e três, quatro minutos depois fica-me o jantar substituto pronto e uma renovada apetência pela dieta.
Ele há dias.

junho 18, 2004

LINGUIÇAS

Como todos sabem, os portugueses são os que melhor apetência têm para falar o idioma dos outros.
Apetência, não competência.
Tem sido um divertimento pegado ouvir as entrevistas aos espectadores estrangeiros dos jogos do Europeu feitas pelos reporteres de trazer por casa das três televisões.
Há momentos, um TVI perguntava a um sueco:
"Can you repeat the five-zero?"
"Five-zero!", respondia o sueco, solícito.

EPUL 2.1

Continuando o post anterior.
As declarações de PSL seriam curiosas se verdadeiras. Esquecer equilíbrios financeiros a favor de mais obras, melhor urbanismo, ou preços mais baixos (os tais "defices virtuosos") era a política da EPUL antes de Nuno Abecasis - a EPUL da primeira fase de Telheiras que tantos espaços verdes deixou e que mais tarde preencheu com edificação ao metro para cubrir esses mesmos defices). Seria interessante ver uma prática tão assumidamente deficitária na vereação mais à direita dos últimos vinte anos e numa altura de restrições orçamentais.
No entanto, como é óbvio, o que se depreende destas afirmações, é a renitência de Sequeira Braga em aceitar operações descabeladas sob o chapéu-de-chuva da EPUL como, por exemplo, a reconversão do Parque Mayer. É que é muito fácil ser político quando são os outros a levar com o lança-chamas quando as coisas correm mal... (Eu não disse, Lourenço, que atrás de aparatchiks vêm aparatchiks, e outros aparatchiks hão-de vir?)

EPUL 2.O

Lendo a notícia do Público referente à exoneração da administração da EPUL, cita-se a seguinte pérola socializante do presidente da Câmara:
"Era uma gestão preocupada com o equilíbrio económico e o que tem objectivos sociais requer mais tempo para conseguir esse equilíbrio. E às vezes há défices virtuosos"
Pois, lá défices há. Só é pena que, na prática do senhor presidente, estes défices sejam nos bolsos dos outros e ele se esqueça de pagar os honorários dos projectos que encomenda.

EPUL

O Lourenço revela indirectamente a estranheza que sentiu perante a incompetência de um director da EPUL. Aparatchiks, Lourenço, aparatchiks...
(Desilude-te: os que vêm aí são ramos da mesma árvore...)

junho 17, 2004

WHAT SOUND


Que som, que som, que som é este, perguntam-me os LAMB. Deve ser giro plurifacetar à volta do Amor. What sound, two beats as one. What sound, no meio deste gritante calor. (Je deviens fou, sous ce chaleur de Satan)

junho 16, 2004

FORA DE TEMPO

Estava há bocado parado num sinal a olhar para o cartaz e tive uma epifania: aquele cartaz era a capitulação do Bloco.
"Vota em quem lhes bate" é negar as ideias, a diferença, as propostas que lhe estiveram na origem.
"Vota em quem lhes bate" é dizer vota em "nós" para não votares "neles".
"Vota em quem lhes bate" é dizer vota em nós porque não, quando deveria ser porque sim.
"Vota em quem lhes bate" é ceder ao "sound-byte", à graçola, ao caceteirismo em moda.
"Vota em quem lhes bate" é tão reles como chamar careca ao Sousa Franco ou nazi ao Paulo Portas. Verdadeiro, mas reles.
"Vota em quem lhes bate" é um insulto à inteligência de quem vota, um paternalismo de quem acha que o voto pela negativa é mais fácil de alcançar que o voto pela positiva.
"Vota em quem lhes bate" é a ausência de propostas ou o medo de as revelar.
"Vota em quem lhes bate" está para o Bloco como a CDU está para o PCP: não é mais do que cosmética eleitoral.
Cresçam, mas bem.

FEEL FREE

To comment the pictures

junho 15, 2004

CALOR

Escrever o quê, neste calor dessincronizado com o tempo de férias em que nada apetece excepto pachorrar? Talvez sobre o Europeu de futebol, tema sempre com audiência. Gostei - tive inveja - do guarda-redes dinamarquês Sorensen. Tenho para a troca o Ricardo, não querem? Dos italianos, tive o prazer de os ver manietados por uma grande equipa que se tornará a minha favorita depois do fim desta primeira fase. Gostei do Buffon, claro, mas preferi o Sorensen. Tive pena de ver uma selecção portuguesa envelhecida e trapalhona, reedição da desilusão da Coreia, um Figo quase seco, um Rui Costa fora de prazo, menos de um mês depois de uma equipa portuguesa se consagrar como campeã europeia.
Até pelo futebol se cuida do imediato com pouca eficácia e se olvida a preparação do futuro.

junho 14, 2004

VIZINHANÇA BREVE

FRASES DO RESCALDO

(citadas liberalmente já que não havia caneta à mão quando as ouvi)
"A derrota da coligação de direita deve-se ao facto do Governo não ter governado de acordo com o que os portugueses queriam" (Ilda Figeiredo, CDU)
"Muitos mais teriam votado se tivessem podido (aludindo à proposta do PS de alargamento do período de votação)" (Ferro Rodrigues, PS)

A-PRENDA

Caro senhor primeiro-ministro, demita-se. Desconvença o senhor Presidente da República de convocar novas eleições e deixe o PS governar coligado com o Bloco de Esquerda. Não foi esse o sinal claro dado nestas eleições?

HER MASTER'S VOICE

Em todos os partidos concorrentes às eleições as declarações começaram pelo cabeça de lista seguido pelo presidente ou secretário-geral. Em todos, menos na CDU.

A CONSTITUIÇÃO EUROPEIA

Continuando o seu esforço de recentrar o debate político actual nos problemas da União Europeia, Pacheco Pereira pergunta "como é que daqui a dias os governos europeus vão aprovar uma Constituição cujo sentido político é fortemente deslegitimado pelos resultados eleitorais e pela abstenção?"
Para mim, do modo habitual: como o misto de autismo e arrogância a que nos habituaram. A haver interpretações diversas para a abstenção elevada verificada por todo o lado, a de que ela se deve maioritariamente a esta atitude parece-me a mais certa.

INEVITABILIDADES

Será inevitável que, dos partidos maioritários só saiam banalidades e que as ideias mais estimulantes e os projectos mais originais sejam remetidos ao beco silencioso dos pequenos partidos?

O FADO É QU'INDUCA, O VINHO É QU'INSTROI (II)

"Are you coming from England?"

O FADO É QU'INDUCA, O VINHO É QU'INSTROI (I)

"You don't have any bit of afraid against Germany?", jornalista da TVI inquirindo um adepto holandês, sexta-feira, 11 de Junho.

junho 09, 2004

INTERREGNO

Largo tudo e saio da cidade. Aproveito a involuntária (e pelas razões erradas) interrupção da campanha e sugiro uma voluntária interrupção das eleições. Seria bom o país reflectir sobre o futuro que quer. Eu aproveito para reflectir sobre o futuro que para mim quero.
(Talvez aproveitar as influências e escrever outro livro).

junho 08, 2004

DIVERSIFICAR É PRECISO


Com estas compras e vendas dos últimos anos já não sei se o Crédito Predial Português é estatal (via CGD) ou espanhol. Só sei que o banco resolveu anunciar urbi et orbi, a sua vocação de montra de vaidades. Começou por alugar as fachadas à coligação do poder. Numa das esquinas mais visíveis de Lisboa, acredito que o preço não deve ter sido baixo. Qualquer que tivesse sido a moeda.
Tendo corrido bem a transacção, eis que chega a segunda vaga, maior, com mais impacto. Curiosamente, as duas campanhas baseadas no Europeu de futebol.
Até a CDU, vinda de outro filme, tem de se resignar com a companhia do Euro. Ninguém lhe escapa.

TOLICES

Tanto as câmaras quanto o IPPAR ainda não perderam este tique provinciano de obrigar a que se mantenham fachadas quando toda a restante arquitectura se desvaneceu. Que interesse tem uma fachada encastrada num edifício que lhe é alheio? Que memória é esta que se pretende preservar? O passado morreu, a arquitectura foi-se, mantém-se um aborto e regista-se uma falsidade. Se se pretende preservar arquitectura que se mantenha o edifício na sua totalidade. Isto é uma bacorice. Ainda mais em edifícios comuns, sem características que os distingam. Há um prazer deliberado, por parte de quem tem o poder de mandar, em fazer desperdiçar dinheiro.

THROUGH THE LOOKING GLASS

junho 05, 2004

ROCK IN RIO TEJO

Foi verdade. Juro. Era 1:00 da manhã e, num silêncio do filme que estava a ver, ouvi uns murmúrios musicais.'Quem diabo está a ouvir música aos berros a esta hora', perguntei-me. Abri a janela e, inconfundível, o som de um rock bem esgalhado inundou o quarto. Tive uma suspeita. Mudei de canal para a SIC Radical: os Metallica ao vivo, com as guitarras largadas a toda a força. Comparei as melodias. Com uma diferença de 5 segundos, eram as mesmas. Ainda pensei que fosse algum doido a ouvi-los com as janelas abertas, mas com tal decalage de tempo, a hipótese era impossível.
Tive de me convencer. Estava a ouvir o concerto ao vivo. O que é extraordinário é que eu não moro nem nas Olaias, nem na avenida do Aeroporto, nem sequer na avenida EUA. Quantos quilómetros separam a Belavista do Lumiar? Muitos. Mas hoje de madrugada o recinto parecia mesmo ter sido construído aqui ao lado. Ainda bem que o cumprimento da lei (neste caso o Regulamento sobre o Ruído) sofre regularmente temporárias interrupções de aplicação.

A CML E AS OBRAS COERCIVAS

Já tive ocasião de, por aqui, me pronunciar sobre a figura da obra "coerciva". Aproveitando uma situação que observei há uns dias no Lumiar, volto ao assunto.


Este prédio está a cair há muito tempo. Aliás, há alguns anos, a CML considerando o estado de pré-ruína, demoliu-o parcialmente, aproveitando o ensejo para alargar a rua contígua. Vedou o acesso ao seu interior criado pela demolição e parou. E passaram os tempos.


No dia 3 de Maio voltou à carga, afixando um edital em que, dado o grave risco que o edifício apresentava (rigorosamente o mesmo que apresentava 3 meses antes, 1 ano antes ou na altura em que foi parcialmente demolido)se intimava o proprietário a iniciar obras de demolição num prazo máximo de 5 dias, sob pena de ser a CML a iniciar obras coercivas para o mesmo fim, com as respectivas custas e coimas a serem suportadas pelo referido proprietário. Ora o edital tem data de 3 de Maio e estamos a 5 de Junho. Das obras nem vestígios.
Atendendo a que o edifício se encontra abandonado há anos e que até Deus precisou de mais de cinco dias para a sua superempreitada, não me parece que ninguém acreditasse que tal prazo viesse a ser cumprido. Este é apenas um necessário cumprimento da lei para que se possa chegar ao passo final de tomada de posse e demolição coerciva. Não me espanta nem indigna.
O que me incomoda é a absoluta hipocrisia de tudo isto: a CML acha o estado de conservação tão grave que exige uma demolição em 5 dias. Num mundo ideal seria de esperar, em caso de incumprimento, uma actuação célere dos serviços camarários: se não a demolição em si mesma, pelo menos a colocação de andaimes e tapumes para proteger pessoas e bens. Isso é exequível num espeço curto: uma a duas semanas. Aconteceu? Não. Vai acontecer? Talvez para depois do Inverno. Então para quê tanto espalhafato? Para convencer os indecisos de que o poder público tem dois pesos e duas medidas conforme se trate de particulares ou de si próprio?


Já agora: no início ainda pensei que se tratasse de um problema - tão habitual - de identificação dos proprietários, um conjunto alargado de herdeiros perdidos nas voltas da vida. Mas não. Numa placa bem visível, está escarrapachado o seu nome. É uma tal "Union y El Fenix España" que provavelmente se finou numa das inúmeras fusões e aquisições a que fomos assistindo. Finada mas não perdida. Com tanta papelada que neste país se tem de preencher para qualquer transacção entre empresas, não acredito que os serviços da CML ainda não tenham conseguido encontrar os proprietários. Se não, a quem cobrar os trabalhos?

A ARCA DE ALEX


Um dos discos que mais gostei de ouvir nos últimos meses, banda sonora do filme "The Weeping Meadow" de Angelopoulos.
Como se a melancolia que reconhecemos como nossa se tivesse cruzado com referências culturais alheias, do outro extremo da Europa. Se a saudade fosse um atributo de outros, seria assim que se exprimiria.
O folheto de acompanhamento traz uma belíssima fotografia, tirada do filme. Eu, que a ele não assisti, só por ela suspiro por um visionamento.



[Direitos das fotos e capa: ECM]

junho 03, 2004

A REABILITAÇÃO URBANA E LISBOA (VI)

Num país a sério (ou devo dizer, "num país sério"?) uma iniciativa como a do "Projecto Integrado do Chafariz de Dentro" (PICD), para além da enormíssima publicidade política que provocaria, constituir-se-ia obrigatoriamente como um "case-study" de análise profunda, servindo de referência não só a obras futuras como ao próprio futuro da política definida. Abrangendo uma área de Alfama contendo 63 edifícios e iniciado em 1995, o Projecto pretendia ser a referência da reabilitação urbana. Nove anos e uma identidade política diferente passados, encontram-se reabilitados 9 edifícios, 5 estão a meio da empreitada e, dos restantes, a maior parte entrará em obra brevemente já que se prevê próxima a conclusão dos concursos de empreitada. Nove anos é aparentemente muito tempo para tão poucos resultados.
O que falhou então?
Mais do que pessoas, falhou a entidade promotora e falhou o modelo.
Comecemos pelo modelo. O PICD surgiu como uma ideia política à qual se procurou apor, à posteriori, uma caução técnica Tendo a Direcção Municipal de Reabilitação Urbana (DMRU) sido, durante muitos anos, mais uma casa de arquitectos do que de engenheiros – ou seja, tendo desde o seu início mantido uma visão muito mais orientada para a manutenção e conservação dos espaços do que para a sua beneficiação e renovação – tal caução foi de alguma forma garantida pela experiência do passado quer no que respeitava a orçamentos previsíveis quer no que correspondia à fácil – ou , se quisermos, corriqueira – execução dos trabalhos. O PICD decorreria assim unicamente dependente da capacidade de trabalho de projectistas e de técnicos camarários e independentemente das características intrínsecas de cada edifício, do seu comportamento estrutural, da sua interacção com os edifícios vizinhos e da identidade de cada quarteirão. Resumindo: como vinha sendo tradição na prática da CML – e que o próprio modelo RECRIA confirmava -, dava-se primazia à recuperação arquitectónica, esquecendo-se a componente estrutural – principalmente a respeitante ao comportamento sísmico dos edifícios.
Teve a CML, no entanto, a fortuna ou infortuna de, na coordenação dos trabalhos e nas equipas projectistas escolhidas, técnicos que não se conformaram com operações cosméticas e que desde sempre defenderam intervenções profundas que garantissem a perenidade dos investimentos, nomeadamente no que à segurança sísmica diz respeito. Ora impor segurança em edifícios construídos apressadamente após o terremoto de 1755, sem qualidade de materiais e de soluções e sobre os quais caíram dois séculos de incúria tanto ao nível das intervenções quanto ao da sua conservação, significaria um tipo de intervenção tão aprofundado que teria de, forçosamente, pôr em causa, direitos proprietários, áreas de fogo, áreas construídas e a demolir, em suma, tudo para a qual a lei geral e a prática corrente se encontrava mal preparada. Como fazer obras coercivas em propriedade privada com ablação de áreas? Como integrar no modelo RECRIA (que apenas prevê obras de conservação) fundações novas? Como alterar o número de pisos ao abrigo do Plano de Urbanização de Alfama? Problemas e soluções que necessitaram de tempo. E que fizeram disparar custos.
Não acredito que existam números oficiais (pelo menos não preto no branco: será necessário fazer contas aos dados existentes) mas não tenho dúvidas que, nas intervenções mais aprofundadas, o preço da intervenção se aproxime dos 300 contos por metro quadrado.
Trezentos contos por metro quadrado.
Recorde-se que o valor oficial para construção nova comparticipada (por exemplo construção para os Planos especiais de realojamento) anda à volta dos setenta contos por metro quadrado (faça-se a conversão em euros para quem já consegue pensar em termos da nova moeda).
Ou seja, a reabilitação de edifícios vulgares de bairros históricos, bem feita, custa cerca de 4 vezes mais do que a construção nova. No mínimo, esta conclusão implicaria um debate urgente e aprofundado entre todos os intervenientes – políticos, técnicos camarários, projectistas, cidadãos – sobre as prioridades e limites da reabilitação urbana.
Mas, como é hábito, apenas se escuta um ensurdecedor silêncio.
Silêncio maior quando se assiste à reabilitação light do edifícios de um troço da Rua da Madalena e, pelos prazos anunciados e tipo de obras visto, se percebe que se andou 10 anos para trás no que concerne ao desrespeito pela segurança sísmica de pessoas e bens.

junho 02, 2004

METRO A HORAS DESMAIADAS

INSULTOS (II)

O meu partido demarca-se completamente desta troca de insultos por a achar uma vergonha que só põe em risco a democracia. Aliás o nosso secretário-geral já teve ocasião de chamar cobarde ao senhor primeiro-ministro pelo seu uso no congresso do fim-de-semana passado!

INSULTOS (I)

Racistas, nós? Faça favor de pedir já desculpa! Nós tanto impedimos a entrada a imigrantes pretos quanto a imigrantes ucranianos que são brancos e louros!!!

ARTE? (2)


(referências às fotos nas pags. de link)

Interessa-me quase nada discutir se estas obras são Arte. Interessa-me muito discutir porque é que os artistas disseram que eram Arte, qual a sua importância na História da Arte, qual a sua importância para o nosso modo de ver, de sentir, porquê e como o Homem/a Sociedade/a civilização ocidental (riscar ou apor outras palavras de acordo com as conveniências da ideologia) de antes e depois destas obras são entidades diferentes.
(E isto não tem nada a ver com aquele betinho que acha que a "grande" arte parou em Monet. Já agora: não há grande nem pequena Arte; há Arte, apenas)

ARTE?

O meu mestre dizia-me: "Se o artista conquistou o direito de dizer, 'Isto é arte', eu também, como observador conquistei o direito de lhe responder 'Isto é uma grande merda'.
Não,´não é uma contradição com o que escrevi dois posts antes. Uma coisa é recusarmos uma obra de arte porque não a sabemos ouvir. Outra, é a desgraçada ser completamente muda.

CONFISSÕES

Isto anda tudo ligado... Tomei o link da belly do arquitecto e falo aqui do Ego Confessions. Pontes por cima do rio, para a margem (esquerda? direita? o oceano desce para o sul ou desce para o norte?) americana. Instale-se pois Dona Cris, neste estranho planeta.

O IDIOTA V2.0

Li a crónica (não: li a primeira das três partes da crónica) dele no passado fim-de-semana e só a fraca opinião que dele mantenho me impediu de me irritar com a sua sobranceria feita pseudo-genialidade. Suspeitei da sua ascensão juvenil, quando comecei a ler encómios espalhados por este e por aquele blog ao seu passado internético e jornalístico. Confirmei com o que fui lendo: o jovem não passa de mais uma emanação fresca da versão direita da geração rasca. Claro que com mais leituras. Claro que com mais poder de citação. Mas igualmente arrogante na sua incapacidade de entender o passado, igualmente burro na sua recusa de compromisso com as gerações anteriores. Há que tudo criticar para tomar o poder, parece ser o mote. Uma versão jornalística dos jovens turcos populares.
Escrevo este post porque acabei de ler o Daniel Carrapa e, concordando com ele em absoluto, quis marcar essa concordância. A recusa do cronista expresso perante a arte contemporânea é tão só marca da sua profunda ignorância em relação à arte. Ao apenas registar no seu livro de afectos as obras caucionadas pelo tempo, o jovem revela-se como o mais velho dos observadores, confortável nas suas certezas herdadas de tantos outros.
A sina de muitas das obras de arte contemporâneas é não resistir ao julgamento da história. Não mais do que aconteceu à grande maioria das obras feitas no passado. Ora isso não invalida a qualidade, a premência, o valor da arte contemporânea. É esse questionar de olhares, de sentires, de viveres que a torna fundamental. No fundo, o que sempre aconteceu com toda a arte. E portanto rejeitá-la como um todo porque não se consegue descodificá-la com os pressupostos usados para obras de outro tempo é tão fraco de sentido que quase nem merecia comentário. Tão fresco e já tão velho...

junho 01, 2004

STOMP!!!

EFEMÉRIDES

Descobri, por acaso que o Francisco José Viegas nasceu no mesmo ano que eu. Ora bolas. Sempre o achei a bordejar a casa dos cinquenta quando o via na televisão. Isso quer dizer que é também nessa faixa etária que os que me vêem me põem. E ainda me falta muito para lá chegar!

LADRÕES DE BELEZA

Surpesa pela positiva, esta oferta que a DIFEL me fez no Domingo passado por lhe ter comprado o último livro do Fernando Campos. Sendo maneirinho, comecei-o a ler enquanto descansava da montanha-russa em que a Feira deste ano se tornou. E só parei quando o acabei.
Prémio Renaudot (faz-me lembrar Bretodeau ou Bredoteau) em 1997 passou tão desconhecido por cá que acabou em prémio para compradores de outras palavras. Mas vale a pena, pelo menos por esta interrogação que nos deixa: a beleza é um castigo para os outros ou para si própria?
[Pascal Bruckner, Ladrões de Beleza, Ed. Difel, 1999]

ERROS TEUS NOSSA MÁ FORTUNA

José Pacheco Pereira escreve (sim, critico-o e também o leio):"Erros perigosos. Erros muito perigosos na justiça, área que no seu primeiro embate a sério com o escrutínio público, revelou uma situação de “anormalidade” preocupante. Se um inocente esteve preso por uma sanha persecutória contra os “políticos” ou as “figuras públicas”, esta situação equivale àquilo que nas forças armadas seria um golpe de estado."
Eu acrescento: mas se se ilibou alguém sobre o qual incidiam fortes indícios de culpabilidade (tão fortes que justificaram aos olhos do magistrado a pena de prisão preventiva) porque era "político" ou "figura pública", esta situação equivale àquilo que nas forças armadas seria um golpe de estado bem sucedido.
Nesta história toda - na história do "caso Casa Pia" - onde fica a verdade?