Li a crónica (não: li a primeira das três partes da crónica) dele no passado fim-de-semana e só a fraca opinião que dele mantenho me impediu de me irritar com a sua sobranceria feita pseudo-genialidade. Suspeitei da sua ascensão juvenil, quando comecei a ler encómios espalhados por este e por aquele blog ao seu passado internético e jornalístico. Confirmei com o que fui lendo: o jovem não passa de mais uma emanação fresca da versão direita da geração rasca. Claro que com mais leituras. Claro que com mais poder de citação. Mas igualmente arrogante na sua incapacidade de entender o passado, igualmente burro na sua recusa de compromisso com as gerações anteriores. Há que tudo criticar para tomar o poder, parece ser o mote. Uma versão jornalística dos jovens turcos populares.
Escrevo este post porque acabei de ler o Daniel Carrapa e, concordando com ele em absoluto, quis marcar essa concordância. A recusa do cronista expresso perante a arte contemporânea é tão só marca da sua profunda ignorância em relação à arte. Ao apenas registar no seu livro de afectos as obras caucionadas pelo tempo, o jovem revela-se como o mais velho dos observadores, confortável nas suas certezas herdadas de tantos outros.
A sina de muitas das obras de arte contemporâneas é não resistir ao julgamento da história. Não mais do que aconteceu à grande maioria das obras feitas no passado. Ora isso não invalida a qualidade, a premência, o valor da arte contemporânea. É esse questionar de olhares, de sentires, de viveres que a torna fundamental. No fundo, o que sempre aconteceu com toda a arte. E portanto rejeitá-la como um todo porque não se consegue descodificá-la com os pressupostos usados para obras de outro tempo é tão fraco de sentido que quase nem merecia comentário. Tão fresco e já tão velho...
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