Estava há bocado parado num sinal a olhar para o cartaz e tive uma epifania: aquele cartaz era a capitulação do Bloco.
"Vota em quem lhes bate" é negar as ideias, a diferença, as propostas que lhe estiveram na origem.
"Vota em quem lhes bate" é dizer vota em "nós" para não votares "neles".
"Vota em quem lhes bate" é dizer vota em nós porque não, quando deveria ser porque sim.
"Vota em quem lhes bate" é ceder ao "sound-byte", à graçola, ao caceteirismo em moda.
"Vota em quem lhes bate" é tão reles como chamar careca ao Sousa Franco ou nazi ao Paulo Portas. Verdadeiro, mas reles.
"Vota em quem lhes bate" é um insulto à inteligência de quem vota, um paternalismo de quem acha que o voto pela negativa é mais fácil de alcançar que o voto pela positiva.
"Vota em quem lhes bate" é a ausência de propostas ou o medo de as revelar.
"Vota em quem lhes bate" está para o Bloco como a CDU está para o PCP: não é mais do que cosmética eleitoral.
Cresçam, mas bem.
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