Provavelmente desde a célebre frase de Mário Soares que o pragmatismo de um líder de esquerda não deixava tantos votantes descontentes.
Eu sempre achei que Lula iria exercer na vida real um papel homólogo ao de Tom Cruise nos filmes da Missão Impossível ainda que sem final feliz: ou cumpria a missão (cumpria o seu programa de esquerda) e o filme era um desastre de bilheteira (o país entrava em depressão económica profunda por via da fuga de capitais e do boicote dos agentes económicos mais conservadores) ou o filme era um sucesso de receitas (a economia aguentava-se) mas um desastre para a crítica (neste caso os eleitores).
Lula e os seus acessores, pragmáticos e muito mais politicamente inteligentes e realistas do que a retórica que o PT manteve desde a sua fundação até às últimas eleições, resolveram apostar no sucesso de bilheteira. Com isto, garantiram um crescendo no superavit nunca visto anteriormente e a manutenção dos índices económicos do lado positivo ainda que as reformas de fundo continuem adiadas e muitos dos seus eleitores (principalmente a classe média urbana) sintam na pele os efeitos de um cada vez maior diferencial entre os aumentos de salário e a inflação.
Lula terá ganho o respeito do mundo político internacional e do mundo económico do seu país. Provavelmente afundou de vez a esperança dos seus eleitores de que seria possível construir um mundo justo de acordo com os padrões socialistas pela via do voto.
Por aqui é usual a frase: "Se fugir o bicho pega, se ficar o bicho come". Taylor made.
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