abril 24, 2004

CADERNO DE VIAGEM: BRASIL, ILHA DE STA CATARINA (III)

DIA 3: FLORIANÓPOLIS




Florianopolis não foge ao estigma das grandes cidades brasilerias perto do mar: uma avenida junto ao mar onde se situam os edifícos de maior apelo imobiliário, morros pejados de habitação, favelas na maior parte dos casos. Na Avenida Beira-Mar Norte a arquitectura oscila entre o pretencioso e o low-profile, evitando os erros urbanísticos do Rio de Janeiro: foi deixado espaço entre os edifícios, mantendo o caminho das brisas para o interior da cidade.





As favelas impressionam-me pela voracidade com que assaltam os morros, as barracas como soldados de um imenso formigueiro, implacáveis, omnipresentes, asfixiantes.





O ex-libris da cidade é a ponte Hercílio Luz.


Inaugurada em 1926, 821 metros de comprimento, 75 metros de altura, 339 metros de vão livre. Tecnologia americana, na altura a quinta maior ponte pênsil do mundo. Apesar dos pergaminhos, o seu debilitado estado de conservação ditou o encerramento e a utilização de outras pontes para a travessia continente-ilha. Fica a imagem de uma Golden Gate brasileira, menos espectacular, mais decrépita, mais humana.



As substitutas serão eficazes, tecnicamente perfeitas, optimizadas. Não trazem contudo nem o brilhantismo dos tempos pioneiros nem a beleza dos objectos moldados com amor.



Mercado Público



Um mercado é um local fascinante. Pelo que revela dos hábitos dos seus utilizadores, da cidade e do país que o alberga. O principal mercado de Floripa é em simultâneo um local de descoberta e de desilusão.
Desilusão porque o consumo fugiu para outros centros mais consentâneos com os tempos de comércio massivo actuais e as lojas dedicadas à alimentação se encontram em minoria.
Descoberta porque, apesar disso, as peixarias revelam a riqueza do mar circundante. Marisco, peixes, de formas diversas com nomes iguais. As tainhas são peixes pequenos. O camarão tem cores e tamanhos diversos. Aos montes. Baratos.





O “Box 32” é o mais afamado bar da cidade. As fotografias com ilustras visitas estão estrategicamente espalhadas acima do balcão, contribuindo para a sua aura de lugar de romaria. É simpático ainda que demasiado turístico (e até merchandising tem à venda, facto que os solícitos empregados não se esquecem de lembrar):. Os pasteis até são saborosos mas... só.
Acredito que no início, a tasca original deveria ser – aí sim – ponto obrigatório de paragem

2 comentários:

Lâmina d'Água & Silêncio disse...

Encontrei teu blog por acaso e resolvi olhar as fotos do lugar que tão bem, eu conheço...

Vivo na ilha a mais de 24 anos e gostei das tuas fotos e de teus comentários, porém acredito que vale aqui uma ressalva pertinente, a respeito do que chamas de "favelas na ilha". O que citas como sendo favelas e olhando-se muito bem as tuas fotos e os locais onde as pessoas atribuem como sendo favelas,trata-se de áreas de residências mais simples, mas nem por conta disso, similares as muitas favelas que temos espalhadas pelas grandes cidades brasileiras. Florianópolis ainda é um dos casos raros de capital de Estado, de vida com maior qualidade e exatamente pela sua situação geográfica e o fato da ilha não oferecer uma gama diversificada de possibilidades de trabalho. Aqui, toda a produção está associada ao turismo, ensino - temos uma quantidade assustadora de faculdades e universidades na grande Florianópolis e que passa de 18 instituições - além da tecnologia de ponta vinda dos polos de informática, além do comércio.

Conheço bem teu país e o adoro!!!
Tanto quanto gosto dessa minha cidade, que nem minha é, pois nasci em São Paulo, mas já vivi por esse Brasil e te asseguro que viver aqui nessa ilha, ainda é tudo de bom!!!

Um abraço,
Cristina

Pedro Cruz Gomes disse...

Eu sei Cristina, dos locais que visitei no Brasil, Floripa é um dos meus favoritos!