Eu não sei quanto de propositado tem a inserção das mais recentes dogmáticas declarações de Pedro Santana Lopes num radio jornal do princípio da manhã. Sei que, juntando-as ao entorpecimento próprio da hora e do início da semana e à endémica falta de memória política dos seus concidadãos, se obtém um efeito quase perfeito na reabilitação da imagem de homem político destemido e combativo que PSL teve antes da desastrosa experiência governativa. A substância é, como usualmente, quase nula: o Presidente "deveria ter convocado (quem?) (...) a exemplo do que fez com o caso Marcelo Rebelo de Sousa (...) por causa do escândalo (onde?) de José Sócrates se recusar a ter debates comigo (recusou-se mesmo?) (...)". Tudo muito dito em foz forte, indignada, revoltosa. No bom e velho estilo dos congressos de Coliseu que tantos votos e, principalmente, atenção mediática lhe grangearam.
Porque é que o Presidente da República deveria intrometer-se no tema dos debates? Isso agora não interessa nada.
O que importa é esta transmissão de uma ideia de homem político que contraria o observado nos últimos meses. Uma perfeita campanha de marketing que não revela as características do produto, antes vende uma ideia de consumo.
Perde-se cada vez mais, obviamente, a essência política. Mas, nestes tempos alienados, será que muita gente (leia-se muitos dos eleitores do centro) sente a falta dela?
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