julho 10, 2004

UM NOVO ESQUEMA POLÍTICO

Com a decisão de Sampaio parecem-me criadas as condições iniciais para o nascimento de um novo partido no espectro político português.
Como já escrevi, é inevitável uma radicalização de posições nos dois maiores partidos. Santana Lopes tem toda a vocação e todo o interesse para fundear o seu "PPD/PSD" à direita: torna o desaparecimento do CDS inevitável ganhando os votos deste e cria expectativas de uma nova maioria absoluta para o partido, contando com os votos daqueles que têm memória e pouca confiança na capacidade gestora do Partido Socialista.
Já o PS terá, por simetria e oposição, de marcar a sua vocação de esquerda precisando, para alcançar maioria absoluta de roubar votos ao PC e empatias aos votantes "light" do BE. Serão ainda uma esperança os votos daqueles que não perdoam Santana ou que, sendo sociais-democratas da velha linha, não perdoarão a viragem à direita do seu antigo partido.
Com este acentuar de radicalismos, tão contrário ao espírito português de navegação ao centro, a criação de um partido-charneira do tipo Partido Liberal Alemão que teria uma palavra decisória no sentido da governação, parece possível e aconselhável. Assim se consiguisse preencher com quadros de qualidade e com políticos com espírito de serviço público. Tarefa titânica.

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