Nesta história mal contada da venda do Pavilhão de Portugal, duas aproximações se podem fazer. A primeira, óbvia e metafórica, traça o paralelismo entre o edifício e o país, entre a venda desenfreada e a todo o custo dos aneis possíveis e a desvalorização de símbolos.
A segunda, mais privada, aponta a ligeireza com que, neste país sem riqueza, se esbanja dinheiro. O pavilhão de Portugal não encontra ocupante porque não terá ocupação possível. É uma coisa em forma de muito mas sem função de nada - porque foi projectado sem programa. Siza limitou a sua intervenção ao feérico e deixou uma sucessão de espaços interiores indefinidos adjacentes. Nada disso teria muita importância se o dinheiro abundasse. Se não fosse preciso tapar o buraco financeiro da ParqueExpo. As catedrais góticas também perderam a sua função inicial e continuam belas, deslumbrantes, um gesto magnífico dos homens na direcção do céu. A pala é um traço libertário que desafia a física e agiganta o espaço. Não serve. Apenas é. Nasceu no local errado, na altura errada. Arrisca-se a ser um defunto incómodo. Ou uma compra mal-querida para cumprir um favor ao erário público.
PS - Reli o post e fiquei com a sensação de não ter escrito uma coisa muito coerente. Bear with me: são quase quatro da manhã. No entanto, pode ser que esta incoerência levante alguns protestos e acenda a discussão. Wishfull thinking.
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