Um dos efeitos mais marcantes que a feitura de um blog tem é a extrema curiosidade que se cria - qual governo da república - sobre tudo o que se relaciona com o mesmo. E quando refiro "que se relaciona", estou a ser literal: tudo que se mantém contacto com o blog - visitantes, notícias, links.
Se há uma coisa que este maravilhoso mundo novo informático faz bem é a capacidade de reter informação: é fácil saber quem de nós "fala" (escreve), quem nos "linka", de onde vêm quase todos os que nos visitam. Difícil, difícil, é descobrir os outros, os que não fazem parte desse "quase".
Consigo surpreender os meus amigos quando lhes falo da visita recente que fizeram a este blog - "Mas consegues saber isso? Como?" - denotando-lhes, na reacção, um susto que vai do assombramento pela "proeza" técnica ao desconforto por se sentirem controlados. Pouco a pouco, fui-me apercebendo o quanto esta curiosidade hedonista se aproxima de outros controlos. Como o que, recentemente, levou à busca judiciária à casa do autor de um Portugal profundo demais na revelação de informações supostamente abrangidas pelo segredo de justiça.
Desviei-me um pouco. Falava dos ignotos visitantes que, de moto próprio, digitam regularmente o meu endereço para - nunca o saberei com toda a certeza - lerem o que escrevo, o que penso, o que sinto. Apesar da página de comentários e do endereço de e-mail, optam por manter a privacidade por, discreta e incognitamente, entrar e sair, guardando para si o que daqui retiveram. É uma pena. Não sabem o quanto apreciaria ouvir os seus comentários, críticas, sugestões.
É o seu direito, o seu inalienável direito. Mas como moem a minha inata cusquice!
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