outubro 18, 2004

ARQUITECTURA

De uma certa forma,o que me fascina na arquitectura é a possibilidade que ela oferece de ver o mundo por outros olhos. Não só do arquitecto que projecta a sua visão sobre a pedra (poetica maneira de descrever o riscar sobre o branco vazio do papel) mas de cada um que ocupa a casa, que a habita e a transforma numa extensão de si próprio. Nós somos o nosso mundo, o que implica que o nosso mundo é um espelho de nós.
Seguir por uma avenida de Lisboa é perceber o presente e, principalmente os passados dos que a habitaram; é ser-lhe dado a oportunidade de retirar do turbilhão de testemunhos que perduram, as emoções, os vícios, os sonhos, as angústias de todos os momentos; é poder ouvir todas as vozes. Mundos sobre mundos, sobre mundos. Camadas e camadas que podem ser deslindadas.
Como na arte antiga, nunca os arquitectos das cidades tiveram a consciência do seu papel de artistas. Eram artesãos brilhantes dos espaços, construtores de soluções, adivinhos de ocupações. E, no entanto, como lhes devemos esta múltipla construção de visões, esta oferta de respostas para a vida.
Percorrer uma avenida, uma rua, é caminhar metafórica e geometricamente - para o infinito. Quantos de nós estamos preparados para o aceitar?

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