agosto 27, 2004

DA MESMA MARGEM, SEM ÁRVORES

Fujo para as férias e, contrariamente ao que a minha dependência sempre me garantiu ao longo dos meses, não sinto durante quase duas semanas a necessidade imperiosa de encontrar um cyber-cafe que me permita aterrar por momentos neste planeta.
Fujo para as férias sem máquina fotográfica, avariada que ficou após a rematada asneira de substituir dois parafusos em falta no oculista mais próximo. Planeta sem imagens, sonda Cassini avariada.

Resisti aos jornais durante mais de uma semana - até o Expresso ficou esquecido na banca, hábito de 20 anos interrompido. Os Jogos Olímpicos foram companhia ocasional, vibrei com o Francis (ganda Francisco!), irritei-me solenemente com as parvoíces nacionalistas dos reporteres de ocasião da RTP "e agora: dividido entre a Nigéria e Portugal?" "como se vê, um nigeriano a conquistar uma medalha para Portugal?"), gostei dos que se superaram, achei que já era tempo de fechar a porta a técnicos e atleta que acham que o mais importante - a participação - foi alcançado, esquecendo que com tempos e marcas piores do que os máximos alcançados anteriormente. Parece que o importante é ir, esgotando-se a motivação com a obtenção dos mínimos. Uma pinoia.

Entretive-me com a pilha de livros que fui comprando ao longo do ano, as compras superiores à velocidade da leitura. Gostei do "Na Outra Margem, Por Entre as Árvores"do Hemingway, ainda que a tradução me tenha traziso algumas perplexidades. "Hum, edição barata, tradução brasileira?", pensei, confundido com algumas passagens que me faziam pouco nexo. Mas o tradutor tinha sido o antigo presidente da Biblioteca Nacional (deu-me a branca quanto ao nome) - fiquei sem perceber. Se o homem foi um incompetente bem promovido, ou se estava distraído neste trabalho.
Já no "Kim" do Kipling, apanho com um "eles estão a puxar-lhe as pernas" incompreensivel no contexto do parágrafo. Será um "they're pulling your leg" mal traduzido?

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