março 02, 2005

A REABILITAÇÃO URBANA E LISBOA (XII)

Face às decisões de carácter urbanístico que vêm a ser tomadas pela autarquia, a reabilitação urbana não passa de um fogacho de bonitas intenções, ornado de um orçamento que é mais fictício que real (vejam-se os níveis de execução), e que serve apenas para, em discursos e panfletos, se afirmar que, sim senhor, a reabilitação dos imóveis antigos é a prioridade das prioridades.
Não passa de uma mentira.
Quando é evidente o decréscimo populacional da cidade nos últimos 30 anos, quando está estatisticamente comprovado o continuado aumento de fogos desabitados (com ou sem condições de habitabilidade), é desprovido de sentido promover a construção de mais habitação. Compreende-se que a autarquia licencie os processos postos a aprovação que cumpram o previsto no PDM. Mas ser ela própria a impulsionadora, quer através da EPUL (e não me estou a referir a habitação social) quer através da permuta ou venda de terrenos para pagar desnecessárias intervenções (mais teatros municipais em Lisboa são desnecessários) ou tapar buracos financeiros?
Partindo do princípio que a totalidade das novas habitações é vendida, quem habitará terão os fogos já devolutos ou os que ficarão como tal depois de abandonados pelos antigos ocupantes, atendendo a que a população se reduz e a riqueza da mesma segue a mesma tendência?
Se a aposta é no retorno da população jovem emigrada para a periferia, quais as mais-valias oferecidas? Há um pensamento estratégico global na CML? Já alguém pensou nisto? Algum dos assessores do presidente? O chefe de gabinete? Talvez a vereadora dos pelouros interessados (Urbanismo e Reabilitação e que até foram reunidos sob o mesmo comando)? A directora municipal para a Reabilitação? Alguém...?

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