Uma das características mais admiráveis deste país é a absoluta falta de memória que parece atacar a maioria das vezes a maioria das suas gentes.
Em 1994 (ou 95; já se me ataca a falta de memória também) o país quedou-se suspenso à beira de ecrans de televisão que debitavam cenas evocatórias de um clima de guerra civil: desobediência geral às regras estabelecidas pelo Estado, à polícia encarregue de conservar a ordem, desrespeito absoluto por quem não subscrevia as razões subjacentes à acção de rua encenada. Um verdadeiro carnaval fora de época (a menos que a já referida falta de memória fosse nesse dia tão absoluta que todos julgassem estar ainda no Entrudo).
Relembro obviamente o dia em que a passagem da ponte 25 de Abril em Lisboa se tornou impossível; em que camiões resolveram parar a metros da portagem, tornando impossível aos restantes automobilistas a transposição da mesma. Em que políticos da oposição louvaram a firmeza da população enraivecida e se deixaram filmar pelas câmaras televisivas a apoiar manifestantes e - nos dias subsequentes - a ignorar deliberadamente a obrigação de pagamento da portagem.
Eu só me lembrei disto porque acabei de ouvir alguns desses políticos a proibir a presença de militares numa manifestação com base no perigo de alteração da ordem pública.
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