setembro 13, 2005

LISBOA - AUTÁRQUICAS (I)

Só aguentei ver 15 minutos do debate entre os candidatos da CDU e do BE à presidência da Câmara de Lisboa. E:

1. Não há pachorra para ver dois intelectuais a discutir aquilo que não sabem (ainda que, no caso de Ruben de Carvalho, com a lição bem estudada - pena ter sido pelos livros errados).

2. Sá Fernandes é um claro caso de "ovo com bife a cavalo". O nome que granjeou como promotor de acções contra as entidades públicas é bem maior do que os conhecimentos técnicos que lhe permitiriam enfrentar e resolver os problemas de uma cidade como Lisboa. O que revela - tristemente - um BE a optar claramente por uma demagogia mais descarada desde que mediática em detrimento da clareza de princípios e de programa que o guindaram à posição eleitoral actual. Sá Fernandes era um bom cromo, o que um tornou num candidato apetecível aos olhos do partido. Independentemente de não ter nem conhecimentos nem ideias suficientes para o transformar num bom presidente. Uma boa marioneta talvez?

3. Reabilitar os fogos municipais vagos para os alugar a preços baixos aos moradores realojados nos bairros da periferia no âmbitos dos PER deve ter posto todos os pelinhos de Ruben de Carvalho em pé. É que isso seria um intolerável - aos olhos do PCP - acto de gentrificação, talvez o demónio mais temido pelos teóricos comunistas da reabilitação urbana.

4. É ridículo e revela bem o grau de conhecimento que os candidatos têm do negócio imobiliário pretender que 20% de todos os novos loteamentos sejam reservados para realojamentos ou habitação social. Para além de serem os restantes 80% a suportar o preço daqueles quem quereria pagar os preços inflacionados actuais para viver ao lado de uma família com problemas de integração? A não ser que se faça como actualmente (veja-se o exemplo da Alta de Lisboa) e se reserve a apresentação dos novos vizinhos para depois da assinatura do contratro-promessa...

5. Uma mentira muitas vezes repetida acaba por se tornar verdade. Não senhor candidato, a reabilitação urbana não começou em Lisboa com a vereação comunista. Vítor Reis - sabe quem é? - foi o responsável pelo lançamento dos GTL de Alfama e Mouraria, no tempo do Eng. Abecasis. Antes de Jorge Sampaio. Antes de Vitor Costa.

6. Old habits die hard. O olhar de desprezo com que o candidato do PCP olhava para o candidato dos "dissidentes" é significativo. E ser intelectualmente superior não justifica o paternalismo que aparecia nos intervalos da impaciência pelas ideias pobrezinhas que o oponente debitava.

7. Ainda que continue a achar que Ruben de Carvalho é um bom cadidato, é-me impossível concordar com o que defende. O que me deixa muito próximo de mais um voto em branco.

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