agosto 17, 2005

CADERNOS DE VIAGEM - TRANSEUROPA (XVI)

LUCHON

Se já os últimos quilómetros de Espanha nos Pirinéus oferecem vistas que são um refrigério para os mortificados sentidos de um viajante que vem de atravessar toda a desolação de La Mancha e vizinhanças, com o impacto de picos que parecem prestes a desabar a centímetros, de florestas profundas e de cidades que parecem saídas do mais desolador conto de Dickens, os Pirinéus franceses são o endereço onde apetece parar e desistir do resto da viagem. Panoramas, florestas, lagos e cascatas, ribeiros gélidos à beira dos quais se torna imperativo degustar todas as tentações que gulosamente se coleccionam ao longo do dia... é fácil ser-se provinciano por aqui e manter uma perpétua e deleitada aprovação pelas inúmeras descobertas disponíveis mesmo à mão de semear.

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Luchon altera a arquitectura burguesa de cidade termal com o cachet dos pequenos edifícios das ruas traseiras.

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Tem o seu boulevard (à escala própria de pequena cidade de província) que culmina no largo do edifício das termas (mais precisamente nos dois corpos do complexo das termas, um inicial seguindo os cânones clássicos e, inevitável, um acrescento modernaço (anos 60?) em cortina de vidro, não demasiado presumido) e - o que seria heresia máxima em termas implantadas em mais puritanas paragens mas que será - concerteza! - to-tal-ment naturel em terras de França -que possui uma concentração pantagruélica de lojas gourmands com produtos do terroir. Quem, no seu natural juízo, perderá tempo com curas de águas que inevitavelmente se diluirão nos primeiros dez minutos de degustação destes queijos, destes vinhos, destes patés e cassoulets, champagnes e rosés? Mas quem perderá tempo com estas negras objecções? Ah, a vida é bela e há que a disfrutar enquanto os tempos o permitem!...

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Luchon tem também um, inevitavelmente a visitar, mercado. Um mercado de rua (mais interessante) a rodear um mercado-edifício mais sensaborão. Que é a única coisa com pouco sabor de todo o local.

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