Apesar dos "projectos" de alguns e das certezas de outros dos candidatos à presidência da Câmara de Lisboa,
não vejo
solução possível - a menos que algum cataclismo torne imperiosa a construção maciça de habitação - para a morte lenta que se anuncia para a cidade.
Para a reabilitação dos edifícios das zonas históricas são precisas
verbas avultadíssimas de que nem a autarquia nem o Estado dispõem. (A reabilitação bem feita de um edifício chega a custar, por metro quadrado, o dobro do necessário para habitação social nova).
Para a reabilitação dos edifícios é necessário haver
procura - para isso seria necessário que a população aumentasse e que houvesse mercado para os fogos dos subúrbios (cuja venda pelos anteriores proprietários subsidiaria a sua vinda para a capital).
Para a reabilitação dos edifícios seria necessário o
fim da construção nos concelhos vizinhos - impensável, no quadro das receitas disponíveis para as autarquias.
Finalmente, para a reabilitação seria necessária uma efectiva
vontade por parte da Câmara Municipal de Lisboa, de facto inexistente quando se vê o modo como ela própria é um dos mais activos especuladores imobiliários da cidade - de que são exemplos o "loteamento" do quarteirão da Feira Popular ou ainda os terrenos das antigas instalações da RTP no Lumiar.