julho 03, 2005

PALAVRAS CARAS

Pirisca de cigarro

1 comentário:

Anónimo disse...

Não vou ao dicionário. Está fora de mão. E até fora de moda.
Pirisca, no meus tempos de estudante ou de militar era vulgo chamar-se a um cigarro meio consumido, aceso, incandescente ou apagado. A pirisca, para o ser, tinha de ser um coto com a mortalha bastante amarrotada. Como se fosse aquela camisa branca, de linho, que fomos encontrar esquecida no fundo de uma gaveta debaixo de outras coisas.
A pirisca era o vício dos andrajosos moradores das vielas. Era o seu luxo. Era também um símbolo de companheirismo entre a “malta” que permutava a dita quando alguém estava teso, liso, sem cheta, para o tabaquito e para outras coisas.
A pirisca no canto da boca garantia uma postura de arrogância filosófica. Atrasava a fala. Deturpava a palavra. Criava suspense. Tudo entremeado, a seu tempo, com alguma baforada. Curta e bem saboreada. Inundando de fumo o peito e retendo-o para ir saindo com as palavras. Estas, ditas com aquele trejeito de boca era ouvidas com maior atenção e, quiçá, com mais respeito. Um gajo sem a pirisca na boca não tinha nível, era um puto...imaturo!

A palavra contem o PI que pode significar talvez, Proibido Ingerir, Produto Inflamável, Precisa Isqueiro, Poupe Intensamente, Pulmão Irreconhecível, ou até mesmo 3,14....
O RI é o que se não deve fazer para que não nos caia da boca.
A ISCA podia ser a encenação necessária para fazer transmitir à gaja a ideia que estava em presença de um tipo batido, durão, desenrascado e peitudo.
RISCA certamente era o assunto de refrega. Antes da corrida o chefe dizia ao puto: risca! o que era feito com o calcanhar no chão de terra. Era a linha de partida e de chegada para a corrida que seguia já a seguir.

Bem, e por aí a diante...

Kalonge