O tema esmoreceu rapidamente - será arquitectura arte, que arquitectura é arte... - pela exaustão disciplinar de alguns, pelas reticências de outros, pela absoluta balda de todos.
Via este link, descobri (pois é, ainda me atraso a descobrir novidades velhas) o museu de Chichu, com os edifícios (edifícios?) desenhados por Tadao Ando. Pelas fotos encontradas, não dá para avaliar muito. Mas dá para uma resposta sensorial.
E por causa dessa resposta - que foi de deslumbramento perante o conceito (desenvolver um projecto para o interior da terra, voltar a um passado primitivo de ocupação de grutas) - cheguei, por associação de ideias, a um post antigo do Lourenço, onde ele distinguia, a propósito da Casa da Música (e cito de memória porque não me apetece procurar o txto), a arquitectura de excepção (a que é extrínseca à cidade) da arquitectura quotidiana, a que constroi as ruas e os lugares banais e que, mais do que a pontual, educa a nossa percepção, cultiva o nosso gosto.
É assim, mas é a diferença que, pelo contraste, pelo choque, nos faz progredir no gosto. Pode ser que a pala da EXPO esconda um edifício inutilizável, que a Igreja de Marco de Canavezes seja mais uma construção racional sobre a fé do que um local de fé, que a Casa da Música seja um objecto alienígena numa cidade romântica, que o estádio de Braga seja mais para visitar do que para ver futebol - mas o prazer de olhar e ser provocado, estimulado, positivamente agredido por uma não-regra!
Penso que é nesta transgressão que a arquitectura ultrapassa a função para ser arte.
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