março 15, 2006
BAH
Estou farto de palavras. As palavras são cancros que corroem, desgastam, transmutem, iludem. As palavras são más companhias, ideais próprios que se vendem como alheios. As palavras são um desperdício, um nojo, uma ilusória tentativa de negar o inevitável. Návea, réstea, nada, óbvio, tudo, pouco, tanto, apenas, até, quanto, ontário, otava, ota. Zeros, zeros, zeros.
março 10, 2006
A CIDADE IMAGINADA (VI)
Um dia, quando as cicatrizes não forem mais do que pequenas saudades na memória dos mais velhos,
Haverá viajantes que
levando consigo e partilhando objectos tão do passado quanto este, linhas tão solenemente expostas, modos de ver e construir o espaço que, de tão postos em desuso, serão absolutamente referenciais.
quando há muito se tiver extinguido o ruidoso soerguer das relíquias voadoras que costumavam ser usadas paras transportar as gentes entre dois pontos do Globo,
quando as oposições entre cidade e subúrbios, centro e arredores, rede ou radialidades tiverem sido substituídas por neologismos mais consonantes com as teorias vigentes.......
Haverá viajantes que
- passando pelo sítio que foi da Alta de Lisboa -
repetirão os mesmos gestos de hoje
de apreciação e desejo
levando consigo e partilhando objectos tão do passado quanto este, linhas tão solenemente expostas, modos de ver e construir o espaço que, de tão postos em desuso, serão absolutamente referenciais.
MARQUÊS MAS REPUBLICANO
março 08, 2006
EM FRENTE PARA O PARITARISMO!
Segundo o Público , o PS apresenta hoje na AR um projecto de lei que visa garantir quotas mínimas de representatividade por sexo nas listas eleitorais. Sempre interessado nestas coisas, o Planeta pergunta porque há-de o sexo sobrepor-se a outras características humanas e propõe desde já vários parâmetros para uma constituição das próximas listas eleitorais com objectivos paritários:
março 06, 2006
CATALOINS
março 03, 2006
TRADUÇÃO
HERE'S TO HAPPY ENDINGS
Naõ gosto de melodramas, prefiro filmes tolos com finais felizes que me alienem a tristeza habitual.
Abro uma excepção para a maravilha de beleza e sensibilidade que é o "Hable con Ella".
Mas, a bem dizer, há um final feliz, como se todo o futuro amor entre Marco e Alicia só possa acontecer através da imolação de Benigno.
Estando farto de imolações pessoais não será já tempo do destino me fornecer um final assim de amor e entendimento?
(Em tempo: se estamos a falar de melodramas porque é que este post não haveria de ser lamechas?)
fevereiro 19, 2006
A fé das pessoas comove-me. Há uma parte da minha infância , do misterioso, do deslumbramento perante o milagre que retorna e, por momentos, anula o ser excessivamente racionalizado que sou. A emoção a derrotar a razão.
Aprecio pessoas que têm fé. Que norteiam a sua vida por essa bússula de certezas. Têm um foco. Não desanimam. Apesar de todas as contrariedades, têm um objectivo que os orienta.
Não posso deixar de constatar que, extensiva que é a todas as religiões, também falamos de pessoas com fé quando referimos os integrantes das violentas manifestações contra as caricaturas de Maomé ocorridas nas últimas semanas nos países muçulmanos.
O que me faz pensar em qual seria a reacção das centenas de milhar de pessoas hoje reunidas em Fátima se um bispo mais colérico resolvesse, por exemplo, alertar de cima do púlpito, para a blasfémia que constitui um filme como o "Je Vous Salue Marie". Ou uma eventual caricatura da irmã Lúcia e dos restantes pastorinhos . Há por aí um não-crente à mão?
fevereiro 17, 2006
DESENCONTROS
fevereiro 16, 2006
SPORT'OING! (III)
SPORT'OING! (I)
O empresário Diogo Vaz Guedes, actual presidente do conselho de administração da «Somague», está a ser pressionado para apresentar a sua candidatura à presidência do Sporting, segundo noticia a Renascença. [abola.pt]
Espero que ganhe. Com um bocado de sorte, daqui a uns meses está a vender isto a um clube grande de Espanha desejoso de conquistar o mercado ibérico.
fevereiro 15, 2006
PIRILAULAND
A deriva para o politicamente correcto que se acentuou em Portugal desde o consulado Guterres e tem a sua expressão gloriosa nas recentes declarações do estimado ministro dos Negócios Estrangeiros (ai a culpa cristã que ataca tão tarde!!!) - as caricaturas são uma ofensa mortal a quem, coitado, tão solidariamente vive com as suas conterrâneas e com o resto do mundo e é o Ocidente quem se deve vestir de burel e, de corda ao pescoço, ir de joelhos a Meca (a Teerão? a Khartum? a Cabul?) pedir perdão pelos erros dos antepassados - sofreu - na aparência - um revés em Lisboa com a conclusão da trilogia machista que coroa o Parque Eduardo VII.
Iniciada com a construção do parque com a erecção (na verdadeira acepção do termo) de dois falos duplos coroados com douradas palmas de louros (repare-se na mensagem subliminar: as gloriosas e heroicas pilas portuguesas valem por duas!), a homenagem continuou com o monumento ao 25 de Abril: uma pila (ainda que recusando as proporções johnholmianas do Estado Novo) em permanente ejaculação, fortemente apoiada na sua erecção por dinâmicas escoras (dizendo: o pau revolucionário português está sempre em pé, sempre em acção, sempre em orgasmo) e tem agora o seu apogeu com a implantação do mastroide que suporta a bandeira nacional (que melhor propaganda? o pau português é grande e bom e desfralda-se ao vento faça quente ou faça frio seja Verão ou seja Inverno - a prick for all seasons (adoptando desde já este blog o choque tecnológico de ir falando em inglês).
Quem olha do Marquês, o que vê? Uma floresta de falos, a encimar a cabeluda colina do parque. Uma pirilauland. Propaganda, homenagem, vanglorice. País de machos latinos que somos.
Ou isso ou, considerando os costumes nocturnos da zona, tudo ser antes uma bem urdida conspiração da nossa terceira via para os publicitar.
CUSTOS DO DESENVOLVIMENTO
Temos de ter dinheiro para pagar o telemóvel, a televisão por cabo, o aquecimento central, o carro, a prestação da casa, os cds, os dvds, as férias, as roupas (os sapatos! os sapatos! os sapatos!) e todas as outras porras que a publicidade, o boca-a-boca, o exemplo de amigos e viznhos nos convence que é absolutamente necessário ter.
E depois queixamo-nos da concorrência desleal dos trabalhadores dos países subdesenvolvidos que ganham um centésimo do que nós exigimos de salário. Cá chegarão.
Ou lá chegaremos.
fevereiro 12, 2006
QUE MALFICA
Decerto espicaçados no seu orgulho de pertencerem a tão notável clube depois das tareias averbadas nas duas últimas jornadas, os jogadores do clube da 2ª Circular sacrificam as consensuais regras de fair-play e insistem em continuar a jogar com um adversário caído no chão por lesão. Da jogada surge o terceiro golo e o comentador rejubila com tão notável sentido de companheirismo.
Até parecia o Marcelo com a chegada do capitalismo.
Subscrever:
Mensagens (Atom)