dezembro 16, 2004

SCUTS

Bendita incoerência a que a demagogia obriga!
Este governo extinto, actor - com toda a razão - do combate à prática cofidis da era Guterres corporizado nas SCUTS, resolveu, por manifesta incapacidade de ir mais além na criatividade contabilística dos últimos anos, tapar o Sol do déficit orçamental com a peneira da venda de alguns (muitos) edifícios públicos.

Já hoje de manhã, na mesma semana em que a medida é anunciada, ouvi a notícia de que a mesma tinha sido abandonada. Provavelmente por razões processuais ou constitucionais, nem tive pachorra para percerber porquê. Como quase sempre, por technicalities. Nunca pelas razões certas. Parece-me óbvio que, antes dessas, a medida deveria ser abandonada pelos pesados encargos que criaria no futuro (o que está em contradição com o que foi dito até agora pela maioria em relação ao governo PS anterior) e pela possibilidade de, a prazo, o contrato de arrendamento ser rescindido (por falta de pagamento, por exemplo), ficando o património à mercê de projectos imobiliários que não visariam a sua manutenção. Por exemplo: há alguma dúvida acerca da apetência da moradia do Instituto Camões para a sua substituição pelo último mamarracho verde que falta na bordadura da praça do Marquês?

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